A morte nos coloca diante da mais simples verdade, a única certeza absoluta que nem mesmo o cético mais obstinado pode duvidar. A dor que nos dilacera nestes momentos não cabe em palavras. Só nos resta senti-la, suportá-la e manifestá-la. O que dizer ao pai e mãe que perdem o(a) filho(a)? Como confortar o(a) filho(a) diante do falecimento do pai ou da mãe? O que falar aos que choram pela morte dos entes mais queridos?
Hoje a comunidade de Nossa Senhora Aparecida de Abadia no município de Érico Cardoso, se encontra em luto, pois a mesma perdeu uma grande pessoa, um grande amigo e cristão, o nosso querido Nelson Netto. Hoje no rodovia que liga Érico Cardoso a Paramirim, mais precisamente na tão conhecida “Curva do Padre” o nosso amigo se chocou com uma pick up, ele estava pilotando uma moto. O acidente foi fatal.
Não é fácil. Por mais sincero que seja o que proferimos em tais circunstâncias, não é suficiente para aliviar a dor e ainda pode soar formal. Com o meu abraço quero expressar toda a solidariedade que cabe em mim neste momento, se que as palavras não amenizam o tamanho da dor em que se encontra a família. A morte também é elucidativa. Ela ensina, mostra o quanto somos frágeis e explicita a efemeridade da vida.
Não é tão difícil aceitar a própria finitude, é muito mais doloroso perder o “outro” que nos completa. Até aceitamos a invitabilidade da morte do “eu”, mas é dilacerante a experiência da partida dos que amamos. Talvez por isso tenhamos tantas dificuldades em pensar sobre a morte. Muitas vezes este é um assunto interdito, um tabu. Compreendo. Refletir sobre a morte é, entre outros aspectos, reconhecer o quanto é risível a nossa presunção.
Ao vivermos como se eternos fossemos não percebemos o tempo precioso que se esvai a cada segundo. As coisas mais simples da vida, os detalhes que nos realizam em toda a plenitude do nosso ser são, muitas vezes, relegados a plano secundário. E assim esgotamos o tempo que temos com o supérfluo, a mesquinhez e a arrogância. Será que fazemos jus ao exíguo tempo que nos é oferecido a cada dia? Muitas vezes o que parece importante não é o essencial.
O poeta Horácio aconselhava: Carpe diem quam minimum credula postero (Colhe o dia, confia o mínimo no amanhã). Devemos valorizar cada segundo como se fosse o último. O amanhã é um tempo que não nos pertence, mas como viver sem olhar para o passado e sem a esperança no futuro? Se podemos sonhar e imaginar o amanhã, como restringir-se ao presente? Aos amigos Édio, Júlia, Diego…
Fonte: Blog do Padre Renato.
Excelente pessoa, que Deus lhe dê um bom lugar e muito conforto para os familiares e amigos.