RIO DA PONTE
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Sobre o teu leito amplo
Corria a preciosa linfa
Que lavava o corpo e a alma.
Os saltos a as peripécias
Que tu amortecias
Trago na lembrança
Oh! Velho e querido Rio…
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As tuas cheias eram
Louvores ao teu poderio
Conduzias tudo que em tuas
Margens adormeciam.
Imbatível na tua força
Qual vigor de um rebento
De beleza e esplendor
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Os teus cílios molduravam
Tua face e ecoavam teu canto.
Nutriam tuas fontes e seios
Irrigavas o solo e as mentes
Que de ti dependiam
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Hoje depilaram tuas matas,
Enrugaram o teu rosto,
Sulcaram tuas margens,
Silenciaram tua voz.
Anestesiou-se a tua fúria,
Secaram o teu farto leito,
Antes Mar Pequeno
De quedas, cachoeiras,
Corredeiras e cascatas…
Agora somente lágrimas
A correrem enegrecidas
Nos teus olhos cegos e opacos
De lamentáveis cataratas!
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Adeus! Saudoso rio…
Da brisa fria que de ti subia
Dos murmúrios ao deslizar
Entre as pedras do teu leito,
Rio das Marias, das Rosas,
Das Aparecidas, Das Domingas.,
Das Análias, de todas que de ti
Usavam a linfa para lavar as roupas,
E saciar a nossa sede.
Hoje do teu leito, brotam
Nossas lágrimas que irrigam nossa
Saudade! Oh, querido Rio da Ponte!
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Autor: Délio João Viana Martins.
Das “Analias””
Tinha uma doida chamada Analia que jogava pedra nos carros que passavam.
Muito boa a descrição do rio