O que é a vida para você, meu caríssimo Leitor? O que é a morte para você? Duas indagações cabeludas de difíceis respostas. A vida para nós é estarmos participando deste mundo; a morte, talvez seja, o fim desta participação. Ninguém tem o direito de roubar a vida do outro ser. Ninguém! A população humana cresce e em seu rastro agiganta-se o extermínio das demais espécies. Os homens na ganância desmedida pela conquista material passam por cima de tudo como um assombroso rolo compressor. O fim estará próximo? Falta-nos sensibilidade, educação para uma pacifica convivência, em que o respeito prevaleça sempre. Com a evolução tecnológica ficamos no topo da cadeia alimentar, na maioria das vezes, só somos devorados ao morrer pelos vermes.
Ficamos sabendo por conversas de rua que algumas pessoas têm como hobby a caça dos animais de nossa importante fauna. Como pode alguém nutrir amor pela perversidade imposta a outrem? Matam-se por matar. Os animais da Caatinga aos poucos vão desaparecendo sobre a força devastadora dessas pessoas. Se fossem crianças, se fossem adultos carentes na penúria de não ter nada para pôr na panela, haveria uma justificativa plausível, mas saber que pessoas com nível superior usam de armas de fogo para caçada, não há explicação. Quando se mata um pássaro, o matador sequer pensa no parceiro da ave morta que ficará sozinho no mundo, não pensa nos filhotes que morrerão nos ninhos com fome e sede. Ao apertar um gatilho contra um réptil, contra um pássaro, contra um mamífero, contra qualquer ser dotado de vida, saiba que não há diferença se tivesse deferido um tiro contra um irmão humano. Quem mata uma pombinha a sangue frio, com certeza terá coragem bastante para matar um humano.
Chegou a nós a triste notícia que um indivíduo acabou com a vida de uma pomba Asa Branca. Esse pássaro no começo do ano fez um ninho e criou um filhote no quintal da residência de um senhor na Praça do Rosário em Paramirim. A ave era dócil, mansinha… Todas as manhãs e em todos os finais de tarde o casal animava o ambiente com o seu canto melodioso. Pois o danado insatisfeito com a alegria da pombinha, com um tiro de espingarda de pressão fez a vida virar morte em segundos, fez a magia do canto emudecer perante a arrogância do seu ignóbil ato.
Paramos um pouco em meditação, olhamos para a humanidade que caminha sem rumo para o buraco; serem dotado de inteligência, mas que são dominados pelo orgulho, pela avareza, pelo ódio, pelo medo. Falta-nos amor, falta-nos paz, falta-nos consciência. A vida humana depende das demais vidas. Estamos trucidando nossa fauna e a nossa flora. O que desejamos para o nosso futuro? Ou tomamos consciência que é preciso preservar o que ainda nos resta, ou pagaremos caro pela nossa arrogância. No fundo, no âmago da alma, tenho vergonha de ser um humano.