Seria uma tamanha Injustiça passar in albis esta data que lembra o chegamento dessa notável mulher. Ela nasceu justamente neste 18 de maio, o mês daquela que ela a tinha por sua suprema Mãe. Bem no ano de 1903, Carlota Alves deu ao mundo um pedaço de seu ser que doravante constituiu uma das peças do tesouro moral, religioso e cultural deste nosso Paramirim. De estatura física pequena, como dizia o bailado “morena cor de jambo tentação”, ela era a incansável mulher, cujo nome de preguiça nem sabia escrever. Ágil, dinâmica, circulou boa parte desta Bahia, sempre à testa de seus familiares. Contendas do Sincorá, Ipiaú, Rio de Contas, expressiva parte deste sertão, foram o seu habitat natural onde ela deixou rastros indeléveis pela sua simpatia que se tornou uma diplomata efetiva na consecução de imorredouras amizades. Voltando a este seu torrão natal, prosseguiu esse mister que o exercia com uma originalidade tão original que lhe fazia singular. Com uma voz suave, fazia lembrar Ângela Maria nas suas deslumbrantes canções. O coro da Matriz elevava-se com o clássico de sua voz nas ladainhas e nos benditos tantos, alguns dos quais faziam-na inesquecível como o “Formosa És” que eternizou nas noites deste hoje que ela pedia que se lhe lembrasse. Todavia, sua ação benfazejos espalhou-se por todos os recantos. Fez-se mestra e educou e analfabetos preferencialmente os adultos. Quantas pessoas ela tirou da escuridade, alfabetizando-as! Que o digam Cecília de Durval, Agenario, Neném de Procópio e tantos outros que ela ensinou a ler e escrever, integrando -os à mais plena cidadania! Esta Mulher que, no dizer do pedagogo Anísio Teixeira, foi. “pequenina, mas ilustre”, foi CINHA DE JOAOZINHO DA MANGUEIRA que partiu para o céu que ela tanto suspirou e começou a vive-lo, desde aqui, com sua admirável caridade, em julho de 1963, estando agora cantando seus hinos piedosos no Coral de Santo Antõnio, ao lado da marstrina Dail, Carmelita, Lia Paraíso, Lia Araújo, Teresinha de Tota e tantos rouxinóis que elevaram no coro da Matriz os belíssimos hinos que sobem ao trono de Deus como joias a ornamentar o céu.
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.