Estando na semana carnavalesca, vêm-me à memória alguns fatos inesquecíveis. Como em qualquer evento, há sempre os prós e os contras Tenho recordado de dois adversários ferrenhos do Carnaval, os quais me faziam divertir ante suas obstinadas reações. Tratam- se de dois venerandos amigos: D. Libania e ELDIOMAR Trindade, apelidados Baninha e DiÓ Fervorosos religiosos tradicionalistas, cujo modus vivendi espiritual coadunava-se com o estilo medieval do Concílio de Trento, mantinham objeções arraigadas ao Carnaval. Esposaram desde cedo o conceito de que o Carnaval era diabólico, ou como comumente falavam, ” era coisa do cão!” Por isso, nessa época, acendia neles o fogo de combate a essa festa “mundana” Recordo-me da angelical Libania, com sua segura prosa. Muito embora, não tenha frequentado um colégio, mal uma escolinha de poucos dias da Profa Germinia Paranhos, minha velha Amiga era profundamente sábia. Quando se aproximavam os festejos de M0mo, logo ela os definia a seu talante:” Já vai chegando o carnaval, a festa do demônio!” E eu lhe provocava perguntando o porquê, ao que ela me dizia:” Meu filho, o próprio nome de Carnaval já diz que a carne não vale mais nada!” Bem, não é este o sentido etimológico do termo, mas ela o interpretava assim! Fazia críticas aos pais que liberavam os filhos para a festa, chamando-os: “Mães da moda, pais desumanos!” Lacradas as portas para não assistir ao cortejo! Já Dió, também reacionário, dizia para nós jovens que “Na hora em que estão pulando, os capetas vão à frente puxando o cordão!” Ambos criaram uma crendice que, sem maldade, constituíram uma cultura, vez ser folclore. Respeitando suas estórias, há de se indagar qual o evento social ou religioso em que não haja exageros? O Carnaval é uma festa cultural, acima de tudo! Di-lo o cientista Louis Bonald:” A cultura forma sábios; a educação forma homens”.
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.