“AVANT-GARDE”. ASSIM FOI ELA… A MULHER QUE VIVEU ALÉM DO SEU TEMPO
D. Lili, uma das mulheres mais talentosas que conheci, viveu “avant-garde” de sua época.
Nascida uma das mais belas mulheres de Paramirim, perdeu os pais aos 16 anos de idade.
Herdou do pai, Silvino Moreno, o talento musical, tornando-se violinista e cantora.
Órfã, casou-se aos 17 anos e teve 5 filhos.
Como mãe, zelou deles como “a galinha cuida dos pintos”. Ela não foi uma super-mãe. Foi uma super-hiper-mega-over-master-mãe. ( perguntem às irmãs Luiza, Leninha e Dida, íntimas da família).
Religiosa, a “voz do rouxinol” tornou-se curadora da Igreja do Rosário, o que pra ela foi tarefa muito fácil, pois, dotada de uma voz belíssima, entoava os cantos religiosos e dedilhava as notas musicais com brilho e maestria.
Na culinária, foi uma “chef”, conhecendo todos os segredos que envolvem a arte de cozinhar bem. Um simples bife feito por suas mãos era digno de se transformar no “main course” ( ou seja o prato principal ) de qualquer restaurante estrelado.
Um certo dia, vi numa revista ( naquela época ainda não tínhamos internet ) o truque para deixar a batatinha frita crocante. Logo que a encontrei, perguntei-lhe:
– D. Lili! Qual o segredo para se fazer uma batatinha frita crocante?
– Prontamente ela me respondeu, exato o que eu havia lido.
– Sorri e confessei então, que sua resposta conferia com a que eu havia visto na revista, e ela, envaidecida, deu uma gargalhada.
Possuidora de “mãos de fada”, toda arte manual que praticava era perfeita: do confeitar o bolo do casamento ao costurar o vestido da noiva. No entanto, o que mais me encantava nela, de todos os seus talentos, era a arte de pintar.
D. Lili foi o “Michelangelo” de Paramirim. Nunca mais se viu um estandarte pintado à mão nos festejos religiosos. E, se ainda existir um por lá, é obra dela. E o mais interessante de tudo isso, é que não teve formação acadêmica. Foi uma AUTODIDATA!
Por derradeiro, faço minhas as palavras do sábio advogado e historiador Dr. Gilvandro: “Vá D. Lili, vá embora mesmo! Você já fez muito pela sociedade de Paramirim! Você semeou a música aqui! Você contribuiu muito para a Igreja!
Você foi a Lili dos Carnavais, a Lili das serestas, a Lili das noites dos motoristas, nas Trezenas de Sto. Antônio, a Lili das Igrejas; portanto, a missão que Deus lhe confiou, você mais que cumpriu, e com perfeição. E agora, vá ao encontro Dele, correndo, porque Ele já está na porta lhe esperando!”
Mensagem de Terezinha Bittencourt.