O Rio Paramirim, que nasce na Serra das Almas, começa sua árdua batalha para se juntar, em um abraço gostoso, com o oceano; como todos os rios de valor, germina das partes altas, este próximo aos pontos de maior altitude do Nordeste. Começa pequeno, as gotas vão minando das rochas, uma tira de água aqui, algumas borbulhas ali, mais à frente um riachinho. A gravidade dita as regras, a Natureza obedece suas próprias leis, a água tem que descer, para no seu rastro prosperar vida, irrigar a pobreza levando alimento e alívio aos animais e plantas. O Rio Paramirim é antigo, na língua Tupi Guarani quer dizer Rio Pequeno, nas suas águas banharam e pescaram nossos ancestrais Tapuias, seus rastros deixados nas rochas em forma de pinturas, conhecidas atualmente por Arte Rupestre, faz-nos reconhecer sua longevidade. O Rio começa a andar, para descer precisa abrir picadas, procurar por caminhos; pequeno, porém forte e vigoroso, rasga as serras como as formigas fazem ao dar vida a um formigueiro. O homem atordoado com tamanha magnificência grita: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. A água é mole e a pedra é dura, a energia de um rio é a força natural da vida. Desenhou nas rochas seu leito, em certos pontos criou belezas para os olhos humanos, quedas d’água incríveis. Por este emaranhado de serras nosso famoso e importante Rio Paramirim corta a incredulidade e rompe barreiras em busca da sua obrigação de Rio, que é beijar ardentemente o mar.
