No primeiro censo demográfico realizado no Brasil, em 1872, a freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Morro do Fogo, na época ainda pertencente ao município de Minas do Rio de Contas, aparece com 14.273 habitantes contabilizados. O Dicionário de Geografia Universal, publicado em Lisboa por volta de 1875, dá à Freguesia do Morro do Fogo “11.359 habitantes livres e 2.914 escravos”. Esses números somados equivalem ao montante encontrado no Censo de 1872. Unitas – Boletim da Arquidiocese de Porto Alegre, fascículos 5 a 8, página 97, Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Maio a agosto de 1988.
Anteriormente ao IBGE, foi instituída em 1871 a Diretoria Geral de Estatística (DGE) subordinada ao Ministério dos Negócios do Império Brasileiro, e que realizou o primeiro censo no ano seguinte. A DGE passou também a catalogar registros de nascimento, matrimônio e óbitos quando da implantação da República, realizado mais três recenseamentos, em 1890, 1910 e 1920. Um ano após a revolução de 1930, a DGE foi dissolvida e suas competências divididas entre os Municípios da República. (wikipedia)
É interessante saber que além do número de habitantes, o Império, através de sua Diretoria de Estatística também buscou informações sobre cor, sexo, estado de livres e escravos, estado civil, nacionalidade, ocupações e religião. Após anos, outras Informações passaram a ser coletadas e, hoje, os questionários do IBGE respondem a questões fundamentais que servem de base para definições das políticas públicas e planejamento de entidade públicas e privadas.
De acordo com o Censo de 1872, no quadro geral da população livre, os paroquianos do Morro do Fogo estavam divididos em 6.779 homens e 4.580 mulheres, consequentemente na população masculina havia mais solteiros (4.213), mais casados (2.042) e mais viúvos (524). No total de homens, havia 2.679 brancos, 3 222 pardos, 752 pretos e 126 caboclos. Mulheres caboclas 78, pretas 562, pardas 2 255 e brancas 1.685. Quanto à nacionalidade aparecem no quadro apenas 18 estrangeiros (13 homens e 5 mulheres) e todos se declararam católicos. No quesito instrução, os entrevistados responderam que sabiam ler e escrever 1.047 homens e 721 mulheres. O quadro de analfabetos foi bem maior 5. 732 homens e 3. 859 mulheres, perfazendo um total de 9 591 ou seja 84.44% da população livre recenseada não sabiam ler nem escrever isso sem contar os escravos.
Quanto ao sexo, na paróquia do Morro do Fogo foram contados entre os escravos 1.O43 homens e 1.871 mulheres com predomínio da raça preta sobre a parda. Desse total nenhum deles sabia ler e escrever e todos se declararam católicos. Com relação ao estado civil responderam que eram solteiros 955 homens e 1.755 mulheres. Havia mais mulheres viúvas do que homens e o número de cativos casados e casadas não chegava a 100, idem também para os estrangeiros.
Um outro aspecto interessante abordado nessa pesquisa diz respeito à população escolar de 6 a 15 anos. Das 3.702 pessoas contabilizadas nessa faixa etária, apenas 380 frequentavam a escola ou seja 291 meninos e 89 meninas. Ao que parece um número razoavelmente bom, levando-se em consideração que só havia na Paroquia do Morro do Fogo nessa época 2 escolas públicas de primeira letras (Morro do Fogo e Canabravinha).
Merece lembrar finalmente que no ano do primeiro censo demográfico do Brasil a freguesia de Nossa Senhora do Carmo compunha-se das povoações do Morro do Fogo, Água Quente, Canabravinha, Paramirim do Rio de Contas (como era chamado) e Santa Maria do Ouro. As demais comunidades hoje presentes no seu primitivo território não passavam de simples fazendas e muitas outras nem se quer existiam. No recenseamento realizado em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do espaço geográfico compreendido antigamente pela freguesia do Morro alcançou a casa dos 44.472 habitantes distribuídos numa área de 2.706 km2 compreendendo 3 municípios, Paramirim, Rio do Pires e Érico Cardoso (ex Água Quente).
Paramirim, 26 de abril de 2021
Prof. Domingos
Fonte: Facebook de Domingos Belarmino.