O Sertão tem lá suas fazes, não adula ninguém, seu temperamento é forte, não se sente feliz ao lado de molengas, aqui ele só deseja cabras da peste, bichos fortes, plantas que de tão nervosas vivem sem beber água. Suas luas, seus sois, seus dias, são diferentes de todos. Há o tempo das flores, do mel, da chuva, existe a época dos espinhos, da água dos tubérculos, dos raios avassaladores. Queixa-se? De que, meu amigo. Nestas terras ninguém é convidado a nelas habitarem, vivem quem gosta, sobrevivem quem não tem para onde ir. O Sertão é dotado de temperamento humano, ora nervoso, ora calmo, ora rico, ora a devorar toda a riqueza. Se o homem levanta os olhos ao Céu e indaga a Deus: “O que eu fiz para merecer tamanha cruz?”. Terá como resposta: “Não és forte? Aos fracos pelo mundo há muitos lugares. Tu levantes poeira enquanto há tempo, pois neste chão não acharás felicidade”.
