O ELDIOMAR DE MARGARIDA. Esta data para mim é muito estimada. É que, em 1908, nascia um amigo que se fez nosso parente: ELDIOMAR SPINOLA TRINDADE, O Dió Pintor, o Dió da Igreja, tantos epítetos poder-se-iam dar-lhe! Filho de Martiniano Trindade e Margarida Spínola, era ele o caçula de dez irmãos. Descendente do Cel Spínola Júnior, constituiu uma família brilhante. Desde cedo, DIÓ, como o chamávamos, dedicou-se ao trabalho artístico, notadamente, a pintura e confecção de imagens. Na década de 1930, trabalhou ligeiramente na Prefeitura. Com o passamento de sua Mãe, ele passou a fazer uma tournée pelo Brasil em fora. Esteve em São Paulo com sua irmã caçula Guiomar, daí partiu para Lins onde residia sua tia Isolina e, em Pitangueiras, com seu tio Ubaldo que era Escrivão do Júri e do Registro de Imóveis. De lá para cá, voltou a esta sua terra natal, donde sempre ia participar das efemérides. Esteve em 1933 em Mucugê auxiliando o coletor Herculano Martins. Já bem depois, viajou para Jequitibá, em Mundo Novo, a trabalhar com os Monges Cistercienses. Voltando dali, meus pais o convidaram a morar conosco, o que durou 20 anos, integrando nossa família como um membro efetivo de muito afeto. O velho DIÓ era de uma inteligência rutilante polivalente. Pintor exímio, criou telas belíssimas que encantava a qualquer um. Era expert em decoração. Cantor sacro, gostava de fazer duetos com as cantoras de sua época no coro da Matriz, embelezando as trezentas de Santo Antônio, a quem ele chamava de “Totinha”. Todavia, ele não foi somente um místico. Idealizou a criação do Círculo Operário que posteriormente ajudei-o a adquirir uma verba na Alemanha para construir o prédio, sendo realizado o objetivo. Era muito jovial, tendo “namoros imaginários”, com quem ele chamava de “bedochas”. Leitor até de Camões, DIÓ é um patrimônio irrepetivel de Paramirim. Envelheceu-se sem envelhecer, pois o tempo não ousou embotar o seu cérebro! Grande DIÓ, grande tesouro!!!
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.