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Indo ao inferno sem querer
Rapaz, estou precisando de dez mil reais emprestado. Pagarei juro de dez por cento ao mês a você.
Dez por cento? Juro alto. Quando você me devolverá o capital emprestado?
Dentro de um mês.
Ok. Vou fazer um pix para você. Passe-me seus dados. Dinheiro na poupança não rende nada mesmo, nem meio por cento.
O rapaz pegou os dez mil emprestado. No dia marcado, ele devolveu o dinheiro e pagou os juros de mil reais. Cinco dias depois, ele retorna e pede, desta vez, vinte mil. O amigo torna a emprestá-lo. Na data marcada, ele volta a pagar como o combinado. E desta forma seguiu até ter em mãos duzentos mil reais pagando juros de dez por cento ao mês. Já não conseguia devolver o capital, pagava apenas os juros. Dentro de três meses parou de pagar os juros e foi acrescentado tudo ao capital. Dentro de dez meses, o amigo cobrou o emprestado. Só de juros já somavam mais de trezentos mil, com o capital passava dos quinhentos.
– Preciso do dinheiro, vou comprar um apartamento para mim.
O outro prometeu levantar o recuso num prazo de dez dias. Avisou que poderia comprar o apartamento que o dinheiro estaria em mãos no prazo determinado. E assim foi feito. O apartamento foi comprado com o prazo de pagamento de um mês.
Porém, o tempo passou e o dinheiro não apareceu. Aquele que pegou emprestado evitava o que cobrava, não atendia mais o celular.
Com um mês quem também estava sendo cobrado foi quem tinha dinheiro para receber. O dono do apartamento esperava pelo dinheiro.
Como não recebia do amigo, foi obrigado a desfazer da compra tendo que pagar uma multa. O outro vivia a se esconder, a dizer que iria conseguir o dinheiro e que em tal dia, dia que nunca chegava, iria pagar o devido.
Não tardou e quem emprestou o dinheiro foi chamado à delegacia. Estava sendo acusado de agiotagem. Espumando de raiva não suportou a empáfia do ex-amigo. Amigo que é amigo não fazia algo assim. Nervoso, pegou sua arma, uma Sete Meia Cinco, e foi resolver o imbróglio. Houve uma séria discussão entre os dois, muitas ameaças. Sem pensar, sacou da arma e acertou o lado esquerdo do peito do devedor, o coração. Morreu na hora.
Foi preso, condenado, pegou vinte anos de cadeia.
Quem foi o maior prejudicado de tudo isso? Ele perdeu o dinheiro, perdeu o amigo, matou, foi preso, condenado e ainda por cima quando morrer irá ter uma conversinha com o Capeta. A ganância pelo lucro fácil fez escurecer a razão. Histórias assim sempre aconteceram, mesmo com todas as narrativas continuam a acontecer da mesma forma.
Já o que tomou o dinheiro emprestado, gastou com farra e mulherada o dinheiro ganho suado por outro, não matou, não foi preso e sua pena no além é menor do que a do outro que matou, porém antecipou sua partida em vários anos, estava com quarenta anos de idade. O Diabo está aí sempre a nos pregar peças. Tome muito cuidado com os pecados capitais.
Autor: Luiz Carlos Marques Cardoso.