Paramirim tem, como uma das suas preciosidades patrimoniais, a Lira Nossa Senhora da Graça, mais conhecida como Filarmônica de Canabravinha. A banda vem ao longo dos anos lutando para permanecer ativa neste mundo de novos conceitos. Renovar para não desaparecer parece o caminho mais indicado, contudo os desafios da modernidade impõem obstáculos hercúleo a serem vencidos. Nos festejos de Nossa Senhora da Graça e São Sebastião deste ano de 2016, um fato foi muito comentado e debatido pela sociedade local, a Filarmônica não participou da Entrada de Festa no primeiro dia, 01 de fevereiro. Todos indagavam qual o real motivo, pois a Lira sempre havia participado do evento, é ela um dos atrativos culturais marcante da festa. Muitas conversas a cerca do caso. Uns dizem que há entre os componentes um divisor político, outros afirmam que não teve um valor em dinheiro a ser pago aos músicos. O certo mesmo é que a pequena greve feita pelos músicos abriu os olhos das autoridades e do povo sobre a necessidade de se preservar nossas raízes. Na Missa em homenagem a Nossa Senhora da Graça, na manhã do dia 02, o Padre Nicivaldo, que presidiu as celebrações, comentou sobre o episódio, por sinal, muito bem em suas sábias palavras. Ele disse que pagara (do próprio bolso) aos músicos para se apresentarem na missa, que acontecia naquele exato momento. Falou da necessidade da comunidade e do setor público buscar recursos para a manutenção da Filarmônica. Após a celebração, a palavra foi franqueada a um dos veteranos músicos, ele ressaltou a seguinte frase: “Quem nunca errou que atire a primeira pedra”. Muito emocionado, desculpou-se com a comunidade. O vigário pediu ao grupo que colaborasse com os festejos, que se apresentassem voluntariamente na Entrada de Festa do dia 02 em homenagem a São Sebastião. Os músicos apoiaram a ideia, receberam do público uma calorosa salva de palmas. Como o momento era de reflexão e alegria, a Filarmônica de Canabravinha fez o que tanto encanta aos devotos da Romaria, tocou várias canções que fizeram época e participou da Procissão.
A Romaria de Canabravinha cresce ano após ano, conservar seus traços originais é nosso dever. Ver aquela multidão na Entrada de Festa nos confirma que quando o evento cultural é organizado o público comparece em massa. A nossa Cultura popular, fragilizada, necessita que as autoridades olhem com bons olhos para ela, que busquem investimentos para área, pois somos um município abençoado por Deus. Nos dois últimos anos, Paramirim perdeu muitos recursos do Governo Estadual, simplesmente, por não ter feito nenhum projeto referente aos temas dos editais. Participamos da elaboração de um desses projetos, com muitas dificuldades conseguimos aprovar um projeto para a Capoeira do município. Se a Secretaria de Cultura municipal tivesse abraçado a causa, talvez tivéssemos conseguido verbas para o Reisado, para a mencionada Filarmônica e para outros grupos mais. Para ter uma ideia, Paramirim perdeu um Pontinho de Cultura, o mesmo foi alocado para outro município da Bacia do Paramirim, seria 180.000.00 mil reais aplicados na cultura, esse em três anos, cada ano contemplado com 60.000.00. Às vezes, há o recurso, mas falta o empenho para que o mesmo seja dirigido aos nossos grupos.
Tomara que este fato ocorrido em Canabravinha venha servir como renascimento da Filarmônica. Queremos que a Lira participe das nossas manifestações, das datas comemorativas do município, e não apenas dos festejos em Canabravinha. Pelo menos o ato nos serve como reflexão. O povo é o reflexo de sua cultura. Não queiramos ser moldados por conceitos de outras regiões, queríamos ter nossa originalidade, com nossas peculiaridades, com o nosso jeito de ser. A beleza social se encontra nas diferenças de cada grupo.
Assista ao vídeo da Filarmônica na Missa em homenagem a Nossa Senhora da Graça:
O município, se omite cada vez mais em relação as atividades culturais do nosso povo, ferindo a veia pulsante do artigo 100 e segs da lei Orgânica. não investir na cultura é como, data vênia, furar os olhos de seu povo; a Filarmônica de Canabravinha, ainda é, o maior expoente cultural de nossa terra. Quem sabe agora, depois do puxão de orelha do Pe. Nicivaldo , teremos os fevereiros ” santos”, vindouros mais organizados, até mesmo mais em relação, as festas profanas, que empregam uma estrutura de filmes e novelas. Viva são Sebastião, viva nossa S. das Graças, intercedei por nós todos, junto ao Altíssimo !!!!