Fomos procurado por uma estudante de uma escola pública. Ela nos indagou sobre o desmatamento na região de Paramirim, disse que iria fazer um trabalho escolar, porém não sabia onde encontrar material (fotos, textos, dados). Faremos aqui um pequeno apanhado, talvez sirva para alguém. Acreditamos que não haja dados concretos, ou mesmo estudos que apontem a real situação do desmatamento em Paramirim, ainda não houve interesse. Uma pena, pois é um tema de suma importância para a sustentação da vida como um todo no ambiente.
O desmatamento no município de Paramirim teve início com a chegada dos primeiros portugueses. Na busca desenfreada pelo ouro, os visitantes começaram a desmatar para dá lugar a estradas. Em locais determinados, casas eram erguidas onde antes havia árvores. Nasciam assim as vilas. Como os aglomerados de pessoas cresciam, a necessidade por alimento seguia o mesmo caminho. Os homens começaram a derrubar as matas para no terreno limpo fazer a plantação de grãos, da cana e para a criação de gado. Dos primeiros habitantes até os atuais dias a mata foi, paulatinamente, sendo devorada, primeiro, pelo machado, agora pela motosserra e pelos tratores. Nosso povo nunca teve para com a natureza o respeito que ela tanto merece. Não somos cidadãos conscientes, a preservação ambiental talvez agora comece a germinar nos grupos de conversas e até mesmo nas salas de aula das escolas.
Vivemos em uma região pobre, muitos usam a mata como forma de conseguir o pão. O desmatamento cresce com o aumento das cerâmicas, volta e meia nos deparamos com caminhões abarrotados de madeiras proveniente da Caatinga pelas estradas do município, a lenha abastece os fornos das cerâmicas. Os pecuaristas para aumentarem seus pastos derrubam a mata, vende a lenha, coloca fogo no restante, sobre a cinza se planta o capim. A devastação nos últimos anos tem migrado para as serras e encostas, ameaçando as nascentes dos riachos e dos rios. Com tanto descaso, a erosão cresce, a terra fraca fica desprotegida, os resíduos vão assorear os mananciais. O caso é tão grave que não se respeitam sequer as matas ciliares, o Rio Paramirim está em ritmo acelerado para uma possível morte. O lago da Barragem Zabumbão recebe todos os anos muitos detritos frutos da ação direta do homem.
Outra prática perversa é o uso descontrolado do fogo. Muitos agricultores vivendo com técnicas dos tempos dos bisavós, usam o fogo de forma inconsequente, este sem controle varre a mata, queima a vegetação das serras, mata-se tudo que encontra pela frente, para trás deixa um ambiente pobre. Não faz muito tempo, nossa região foi tomada por um incêndio de grandes proporções, usaram-se até helicóptero e aviões para apagar as chamas.
Destruir o que a natureza demorou décadas, ou mesmo séculos, para erguer é fácil e ligeiro; difícil e demorado será recuperar as áreas degradas. O remédio para conter o avanço avassalador do desmatamento requer atitudes drásticas. Como os órgãos fiscalizadores pouco poder possuem, o horizonte parece negro. Apelar para a consciência ambiental dos jovens e das crianças poderá refletir no futuro. O homem precisa aprender viver harmonicamente com os demais seres, na cadeia alimentar todos dependem de todos.