Com tantas indagações, com tantas preocupações, com tão pouca informação, com tão pouca transparência sobre a gestão da Barragem do Zabumão em Paramirim, resolvemos ter com o Presidente da CBHPASO (Comitê Hidrográfico das Bacias dos Rios Paramirim e Santo Onofre), Anselmo Barbosa Caires, uma conversa. As nossas preocupações são as do povo em geral da nossa cidade.
A água parece ter tomado o centro das atenções no Brasil, no Sertão já era, só fez aumentar. A riqueza de qualquer local se baseia, primeiramente, nos recursos hídricos. O nosso Vale do Paramirim tem muitas fontes naturais de água (riachos, lagoas, rios) que ao longo do tempo vêm sendo degradas pela ação irresponsável do homem. Cuidar de tais riquezas é nosso dever, contudo ainda não nos acordamos para esta realidade.
A nossa conversa frisou sobre dois pontos: a água que é solta diariamente pela comporta e os problemas com a falta de manutenção da Barragem do Zabumbão.
Anselmo nos disse que a vazão de água se encontra em 371,91 litros por segundo atualmente. Questionamo-lo se não seria viável a diminuição desta vazão para preservar mais água para os períodos de estiagem. Ele nos apresentou um gráfico feito pelos técnicos da ANA (Agência Nacional de Águas) com quatro cenários diferentes de vazão. Um cenário é o que já foi mencionado, os outros três com menor vazão. Analisando o gráfico percebemos a necessidade da diminuição da vazão. Se continuarmos da maneira que está, e caso as chuvas não elevem bastante o nível do lago, poderemos no final do mês de abril de 2016 chegar aos 15.000hm³, volume de alerta. Fato esse até então nunca visto. E o pior é que poderemos entrar no volume morto, ou seja 5.000hm³, no final de novembro do corrente ano. Entramos na sala preocupados, saímos mais preocupados ainda.
Como estamos no período de chuva, o Rio Paramirim voltou a encher. Seria sensato fechar a comporta para assegurar mais água, já que as propriedades e o próprio leito do rio estão recebendo água das chuvas. A vontade de Anselmo seria diminuir a vazão da comporta para economizar água, mas, no momento, está impedido. Por quê, todos indagam pelas ruas e avenidas. Simplesmente, porque a energia da comporta foi cortada. Conferimos o padrão no último domingo, dia 03 de janeiro de 2016, até o relógio (marcador) foi retirado. Quem tirou a energia? Quem autorizou? Ele não nos soube responder. O certo é que a comporta não pode ser manuseada por falta de eletricidade. Chegamos a um ponto cruel, algo fora do normal. Como pode um patrimônio tão caro e tão importante se ver abandonado pelos órgãos competentes. Segundo Anselmo, há vários problemas de manutenção que não foram finalizados, um por sinal se refere a própria comporta.
Anselmo nos relatou que já encaminhou alguns ofícios à Codevasf pedindo o religamento da energia e que também acionou o Ministério Público. Ele espera que, nos próximos dias, pelo menos a energia seja religada.
No ano de 2015, quantas audiências, quantas reuniões, quantos debates acalorados, para nada, vazios, pois o interesse de cada um se pauta no particular. Todos querem a riqueza das águas do Zabumbão, ninguém está disposto a pagar sequer um real para a conservação do nosso Rio Paramirim e seus afluentes. O que vemos a todo instante e por toda parte do nosso lindo Vale é a destruição da fauna e da flora. Os mesmos que cobram são os mesmos que destroem. Nosso ecossistema é finito, nossa água também, ou tomamos consciência que precisamos gerir com racionalidade ou pagaremos caro pela nossa ignorância perante os fatos.
O Gestor municipal precisa usar do seu prestígio com o Governador da Bahia para sanar tais problemas. A Barragem do Zabumbão deve estar em primeiro lugar na lista das necessidades básicas da sociedade. Água é vida, sem ela não somos nada.