Agressão Ambiental.

Destruição da Caatinga As pessoas nos quatro cantos do mundo se mobilizam na tentativa urgente de frear o ritmo avassalador de destruição, que nós humanos, imponhamos ao meio-ambiente. Meios de Comunicação, ambientalistas, ONGS, Governos tentam buscar uma solução para o impasse que se abriu entre preservar a natureza e o sistema de empregos que rodeia toda essa cadeia de devastação. Pensando nisso e olhando aos problemas que permeiam o nosso Município, por que não dizer, a nossa região, através dessa minha Coluna tento mostrar, esclarecer e denunciar o estado agravante que as Cerâmicas estão causando, com seus métodos arcaicos ao Bioma que nos cercam. Um crime que acontece no dia-a-dia e que não nos aparece como uma agressão. Muitos acreditam que preservar se deve apenas aos biomas Amazônia e a Mata Atlântica. Então, homem humilde, não asseie sua casa, deixe criar ratazanas, bicudos, todavia as que merecem cuidados somente as dos ricos. Algo bizarro, não?
 Não tenho dados de quantas cerâmicas se encontram em atividade, porém na BA 156, o trecho que liga a sede de Paramirim a Caraíbas em pouco tempo várias dessas fábricas foram construídas. Parece haver uma demanda grande de blocos e telhas, fato que se formula bem quando deparamos com o crescimento dessa cultura. Poderia ter feito à conta própria uma pesquisa e dessa tirar os dados inerentes para esse texto da quantidade existente em funcionamento no nosso território, mas há Órgãos responsáveis e que até o momento sequer se manifestaram por um simples esclarecimento. Gostaria muito em saber qual o impacto delas para a Caatinga, quais as Leis que regue essa atividade, quais as penalidades por burlar o Código Ambiental? Esse texto abre espaço para os Órgãos responsáveis, os empresários do setor se pronunciar quanto às indagações. Silenciar-se não será o melhor caminho, esclarecer sim, um dever.
Há um mês aproximadamente andei pela zona rural do nosso município e constatei apenas pela observação os males causados por elas. Em Caraíbas olhe para os morros que a cerca e veja suas encostas todas despenadas. Um caminhão de madeira custa quatrocentos reais, os donos de terra não hesitam um segundo em desfazer do mato para ter os recursos em mãos. Em dois dias que passei pelas intermediações desse lugar encontrei dois veículos abarrotados de madeira. Quantos não são retirados por semana? Pergunta que gostaria de obter uma resposta, todavia duvido muito que a terei. Em um trecho de encosta abriu-se uma estrada e em suas margens existiam muitas madeiras amontoadas prontas a serem carregadas, existiam por que hoje só restaram delas cinzas em algum deposito baldio. O fato me preocupa, deveria, pois, haver um manejo dos nossos recursos para um melhor aproveitamento. Da forma que se faz no momento, em pouco tempo, a atividade perderá seu poder de produção, a matéria-prima se fará escassa tornando a atividade inviável. Hoje, para obter as madeiras, antes achadas em abundancia nas intermediações, já se buscam no município de Rio do Pires. Para burlar a fiscalização os proprietários amontoam defronte suas fábricas uma porção de madeiras da algarobeira, essas apenas para amostra, deixando em locais outros o combustível usado nos fornos, as madeiras retiradas de forma ilegal da Caatinga. Não posso afirmar que já houve uma fiscalização, se aconteceu, algo de errado seguiu, pois pode possuir as madeiras da algarobeira, todavia não existe no nosso município plantação que sustente tamanha produção.
Em meio à atividade das cerâmicas poderia nascer uma nova fonte de renda ao nosso povo. A silvicultura abriria novos postos de trabalho. Temos uma árvore que atende bem ao nosso propósito, a algarobeira. De crescimento rápido, não é exigente em água e nem precisa de solo fértil, além da madeira ela produz vargens que servem para alimentação dos rebanhos e com suas flores poderiam ser aproveitadas pala apicultura. Uma velha máxima: “Para tudo na vida há uma solução, menos para a morte”. Não somos contra esse ramo, até por que, ele possibilita trabalho e renda para muitas pessoas, porém devemos nos adequar para que a atividade não seja prejudicada no futuro próximo. Se a matéria-prima faltar, não sobrarão empregos e nem tão pouco nossas matas, essas consumidas no decorrer de tantos anos de atividade. O crime é tão grave que já começa a afetar o lençol freático, poços artesianos se esgotam, riachos morrem, rios assoreiam. Por mais que essas matas estejam em propriedades particulares não dão o direito das pessoas destruírem o que é de todos, se formos pensar, sequer um indivíduo desses plantou uma árvore, come da lavoura de Deus.
A preocupação não é somente minha, o Vereador Evandro Carlos Oliveira e Silva entrou com uma indicação no dia dois de setembro no Legislativo de Paramirim, que foi aprovada por unanimidade, onde prever uma fiscalização diferenciada a esse ramo de trabalho e a exigibilidade de que os donos das cerâmicas se comprometam a cultivar a matéria-prima usada nos seus fornos. Explicou que o Município dispõe de um viveiro de mudas e que se nada for feito a atividade em breve se tornará inviável, pois faltará madeira, combustível usado na fase de queima dos produtos.
Já nos anos de 1901 a 1908, o Presidente dos Estados Unidos, Teodoro Roosevelt tinha como preocupação a eficiência nacional. Ele relata na época: “A conservação de nossos recursos naturais é apenas fase preliminar do problema mais amplo de eficiência nacional”. Na obra do ilustre Frederick W. Taylor (Princípio de Administração Científica), que fala também do Presidente Roosevelt ele comenta sobre o desperdício. Vou expor um trecho: “Observamos o devastamento de nossas florestas, o desperdício de nossas forças hidráulicas, a erosão de nosso solo, arrastando para o mar pelas enxurradas e o próximo esgotamento de nossas jazidas de carvão e ferro. Mas, por menos visíveis e menos tangíveis, estimamos superficialmente os maiores desgastes que ocorrem todos os dias, em função do esforço humano e decorrentes de nossos atos errôneos, mal dirigidos ou ineficientes, os quais Roosevelt considera como expressivos da falta de ‘eficiência nacional’”.
Devemos ser eficientes com nossos recursos, dá o devido valor ao nosso patrimônio, cuidar, preservar, pois o interesse maior é da gente. Se não fizermos por nós não podemos esperar que outrem deixe seus problemas para resolverem os nossos. Aproveitar o máximo da forma mais racional possível, cultivando novos hábitos, criando soluções para que a sociedade se desenvolva com o mínimo de agressão ao meio-ambiente. Devemos deixar de sermos sovinas para pensarmos no nosso futuro, não apenas no que se refere ao financeiro, mas a continuidade da vida em si. O mundo aguarda ansioso por seu posicionamento quanto aos desafios que o cerca.

Luiz Carlos M. Cardoso (Bill)
14/09/2009



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