Assista ao Vídeo:
O tempo passa e algumas coisas continuam a se realizar. O sertanejo da terra carrega em si a tradição dos antepassados. Viver na roça é prazeroso, contudo muito cansativo. Aqui os afazeres começam antes mesmo do galo cantar. Na madrugada, o engenho já gira para tirar da cana o caldo que mais tarde se transformará em rapadura. Já não há mais bois para fazer girar o engenho, hoje o maquinário funciona por energia. A cana que é transportada da roça vem de trator, o carro de bois se encontra estacionado no terreiro da fazenda. Algumas transformações vão acontecendo para minorar o sofrimento dos trabalhadores e elevar a produção. O caldo vai ao taxo quente, ferve, nele se aplica a dicoada, o caldo cresce, a senhora então recolhe as impurezas da moagem. A água vai se evaporando, a senhora sempre paciente tenta acalmar o caldo quente que deseja sair taxo afora. Quando está quase no ponto, apaga-se o fogo, o caldo retrair em forma de mel. Dando o ponto, provado pelo produtor da rapadura, que leva os dedos molhados ao caldo quente, o melaço vai às gamelas. Começa então a bater o mel para se transformar em rapadura. As formas são preparadas, e o produto até então líquido se acomoda nas formas para ganhar o formato da rapadura. O sertão que produz é bonito e rico. Um lugar assim, a miséria passa longe. Aqui o que tem é fartura, trabalho e dignidade.
Este engenho encontra-se na Fazenda Cachoeiro na comunidade de Cachoeira em Érico Cardoso Bahia. O produtor de rapaduras se chama Mirinho.