
Casando-se com Elvira de Magalhães e Silva, o Prof José Cândido Vieira obteve para sua casa a imagem de São José, vinda de Portugal. Muito simpático, o ícone sagrado recebia o total desvelo dele, sua esposa e filhos. Foi aí que ele decidiu partilhar a sua devoção com os demais habitantes desta vila de Santo Antônio do Paramirim, escolhendo um lugar estratégico para viver sua fé, uma vez que ele residia logo à entrada do Arrayal. Um casarão onde morou até há alguns anos o Sr. Gustavo. Como era notório que está região era difícil e repleta de percalços, inclusive corria- se a história do “Dilúvio de São José” que durou 30 dias, criando verdadeiro vexame para a população regional, resolveu o velho Professor edificar uma Capela, onde tornar-se-ia mais público o culto ao Santo Xará, partilhando com quem quer que fosse as celebrações e as visitas devocionais. Tudo começou no sec. XIX. Como na vida há sempre os contratempos, na década de 1920, por motivo fútil e a prepotência dalguns, houve um assassinato bem à porta da Capela, vitimizando o pobre jovem Nonô que, mesmo após a tortura e, consequentemente, a morte cruel, fizeram como chacota seu cadáver sentado , recostando-o na porta do Santuário , com o ventre aberto pela baioneta! Bastou isto é muito certo o foi, o anátema das autoridades religiosas que lançaram sobre aquele lugar sagrado foi a proibição de qualquer ato religioso realizar-se doravante ali. De imediato, retiraram a imagem de São José, levando-a para a Igreja de Santo Antônio, onde se encontra no seu altar-mor. Esse acontecimento feriu em cheio o Prof José Cândido que não demorou muito para falecer, em 1929, levando consigo certamente a decepção com o ocorrido. A Capela ficou fechada por 30 anos, servindo de abrigo de nômades ou chiqueiro de cabras. Mas, a partir de 1950, um grupo liderado por Dr Milton Britto e o apoio irrestrito da família Lorminda foi restaurado os festejos, cada vez mais, com entusiasmo, unção e amor. Amém.
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.