O primeiro prédio escolar construído na cidade de Paramirim

O Grupo Escolar Professor José Cândido Vieira foi o primeiro prédio escolar construído na cidade Paramirim. O lançamento da pedra fundamental de sua construção encontra-se registrado no texto de uma correspondência enviada pelo então prefeito do município Cel. Francisco Brasil Rodrigues da Silva ao Exmo. Sr. Secretário de Educação Dr. Isaias Alves de Almeida com o seguinte teor: Paramirim, O6 de setembro de 1938. 0ficio número 059. Exmo. Sr Dr. Secretário de Educação e Saúde. Tenho a honra de passar às mãos de V. Exa. algumas fotografias do prédio escolar desta vila, ora em construção, sendo uma do ato do lançamento da primeira pedra da base do referido prédio, ao qual compareceram os alunos das escolas, em 7 de setembro de 1937, e as demais do estado atual da obra. Reitero a V. Exa. os meus protestos de alta consideração e subido apreço – Francisco Brasil Rodrigues da Silva – Prefeito Municipal.

A escritura do terreno no qual encontra-se construído este edifício foi passada em 13 de março de 1925, sendo vendedores o Tenente Cel. Domingos Rodrigues da Silva e sua esposa D. Guilhermina Bonfim da Silva e como compradora a municipalidade de Paramirim na pessoa do seu intendente Capitão Hermenegildo Ribeiro de Magalhães, pela quantia de Quinhentos Mil Reis (500$000)  paga em moeda corrente no ato de compra, conforme se lê às páginas 48 a 49v do livro de Notas  número 33 do Tabelionato da comarca de Paramirim. No corpo desse documento não diz a finalidade da compra, de forma que o mesmo só foi utilizado 12 anos depois da aquisição, diga-se de passagem uma iniciativa mais do que louvável.

:Desta forma, a história do Grupo Escolar Prof. José Candido Vieira tem suas raízes plantadas na década de 30 ou mais precisamente no final de 1931, quando o Capitão Juracy Montenegro Magalhães, frente só governo da Bahia, põe em prática um arrojado projeto visando construir mais de uma centena de prédios destinados ao ensino público, no interior do Estado. Dentre as cidades contempladas na época com o benefício, figuravam: Caetité, Caculé, Guanambi, Jacaraci. Minas do Rio de Contas, Paramirim, Seabra, Vitória da Conquista, além de outras mais distantes. Em 1937, várias unidades já se achavam inauguradas, algumas em via de conclusão e instalação e outras apenas iniciadas, dentre as quais a de Paramirm, como se acha informado na citada correspondência.

Necessário dizer ao bem da verdade que a sua edificação se arrastou por quase duas décadas, provavelmente por falta de recursos ou ingerência na prestação de contas dos serviços efetuados, conforme está dito na sua placa inaugural. “Este prédio, iniciado em 1936, teve a sua construção paralisada até princípios de 1954, quando foi reatada. Esta providência só pôde ser adotada face o empenho do Senhor Daniel Luis Baronto, filho do Arraial do Morro do Fogo deste município junto ao Ministério da Educação que, pelos seus titulares Ministros Simões Filho e António Balbino, concedeu os necessários recursos para execução da obra. O povo de Paramirim num pleito de gratidão fixa esse bronze em homenagem àqueles ilustres baianos e mais aos professores Murilo Braga e Anizio Teixeira, Diretores do INEP que, igualmente, muito contribuíram para tamanha realização. Paramirim, maio de 1955.” Como se percebe há um desencontro entre o oficio acima mencionado e os dizeres da placa quanto ao ano do início da obra. Optamos deixar em aberto esta questão para uma posterior confirmação, embora o mais provável seria o ano de 1937 em respeito as palavras do Cel. Chiquinho, uma vez que os dizeres da placa foram registrados quase vinte anos depois certamente com base na oralidade.

Localizado no centro da cidade, mais precisamente na antiga rua 16 de setembro, hoje, Avenida Dr. Aurélio Justinisno Rocha, o Zé Cândido Vieira como é carinhosamente chamado, sempre desfrutou e continua desfrutando do respeito e da admiração dos paramirinhenses quer pela imponência de sua estrutura física, quer pelos frutos que tem produzidos ao longo das fecundas safras de sua história.

O seu nome provém de um dos mais ilustres filhos da terra o professor José Cândido Vieira (1851-1929) cuja memória cabe ser preservada como uma das formas de reverenciar o passado.

Interessante observar que cada detalhe de sua trajetória muito tem a ver com a história de Paramirim. Por conta disso, precisa ser mais valorizado, principalmente no que tange ao sentimento de pertencimento que nos inspira e nos leva a toma-lo como um legado, um patrimônio arquitetônico, histórico e cultural da mais alta importância para as atuais e futuras gerações, em todos os seus pormenores. O local onde foi construído, a placa comemorativa de sua inauguração, os registros fotográficos o outros existentes a seu respeito, as reformas e ampliações sofridas no curso de sua existência. A sua planta original, os fins a que tem servido e, sobretudo, as pessoas que nele estudaram ou trabalharam e continuam fazendo como legítimos protagonistas de sua história, merecida de ser preservada e valorizada por todos.

Num pleito de gratidão e justiça será sempre lembrado o nome de seus abnegados professores de todas as décadas, especialmente os pioneiros dos anos 50 e 60: Zelinda de Magalhaes e Silva, Natália Vieira Brito, Amélia Xavier Araújo, Zaiter Laudelino de Souza, Maria Rosalva de Oliveira (Iazinha), Dulce Abreu Magalhães, Maria Raymunda Lacerda Bittencourt (Dió), Carmelita Brito Vieira Bittencourt, Geruzia Alcântara Pessoa, Dalila Alves Meira, Alvenita Porto de Oliveira, Albertina Vieira Bittencour, Ruth Martins Barros, Maria Terezinha Brito Vieira e tanto outros que contribuíram para o progresso educacional de nossa terra, incontestavelmente dignos de todas as homenagens possíveis.

Paramirim, 16 de fevereiro de 2021.

Prof. Domingos

Fonte: Facebook de Domingos Belarmino.