Não adianta remendo, conserto ou meras explicações. É fato mais que comprovado, o primeiro Bittencourt de Paramirim, do qual se tem notícias, possui uma história sui generis. Pode-se dizer que nasceu do nada ou surgiu de repente. Olha que estou falando do sobrenome, Não é do ser humano, por isso é bom que todos fiquem de sobre aviso, para evitar equívocos. Entre o ser e o nome existe uma grande distinção.
Nesse sentido, vamos nos retroceder no tempo e acompanhar a evolução dos fatos. A trajetória de um sobrenome espalhado por toda parte, sempre associado a uma pessoa de bem, prestes a completar 200 anos de história.
Joaquim José Bittencourt é o nome dele. O primeiro Bittencourt made in Paramirim, ou melhor procriado nas barrancas do Rio Paramim, quando a terrinha ainda era chamada de Arraial do Ribeiro. Formado de gente e de fé joaquim José veio ao mundo no sábado de 10 de julho de 1842, com grandes possibilidades de ter sido batizado na capela do Morro do Fogo, quando esta tinha por Matriz a paróquia do Senhor Bom Jesus do Rio de Contas, hoje, Piatã. Procurar os seus documentos de origem não é tarefa fácil. As informações aqui citadas sobre a sua pessoa foram retiradas de uma antiga caderneta guardada até o ano de 1997 em poder do Sr. Altino José Bittencourt (bisneto de Pedro Seleiro) Daí para frente Deus sabe o rumo que tomou. Sem dúvida alguma, um paramirinhense de fibra que se tornou patriarca pela numerosa prole que criou ao longo de 71 amos vividos.
Filho único de Pedro Manoel Jacintho (Pedro Seleiro) e Lizarda Joaquina de Oliveira, cujos antecedentes paternos e maternos não se sabe, viveu Joaquim a sua infância e juventude dividindo o seu tempo entre a lavoura e a construção civil, pois o seu pai além de fabricante de selas gostava de construir. Tanto é que a ele se deve a construção da Capela Nossa Senhora do Rosário, na mesma praça onde residiu e o antigo cemitério paroquial, onde se acha sepultado. O grande enigma de sua vida, herdado pelas gerações subsequentes, é saber como surgiu o sobrenome Bittencourt iniciado na sua pessoa e transmitido via cartório ao seus descendentes. Algo de significativo levou o velho Pedro a arquitetar a opção e fazer manter a sua continuidade. Na tradição oral, prevalece a explicação de que a escolha foi aleatória. O astuto seleiro ao folhear um jornal, deparou-se com o nome Bitencourt e num estalo o emplacou no filho. Assim nascendo o sobrenome que até hoje perdura. Se é verdade ou mentira fica a façanha por conta de quem me contou.
Casou-se com Clemência Maria de Jesus, mais conhecida por Sa Lé, em 24 de junho de 1864, dia em que a Igreja Católica comemora São João Batista. Não foi à toa que na pia da lei do menor esforço, o unigento de Dona Adelaide recebeu a alcunha de Quinzé, nada mais nada menos que a junção da última silaba de Joaquim com a última de José, fato linguístico muito comum no ambiente familiar. Uma forma simplificada de apelidar as pessoas para diferencia-las de tantas outras com nomes semelhantes. Assim nasceu o casal 20 do Século XIX Quinzé e Salé, escolhido por obra e graça do senhor destino para difundir a semente dos Bittencourts por todo o Vale do Paramirim, fazendo cumpri as palavras bíblica; Crescei e multiplicai.
Como já esperava, veio a chuva de filhos. Uma dúzia, sem faltar e sem passar, contadinha na ponta dos dedos. Dona Clemencia, irmã de Raymundo Francisco Marques, que era Maria de Jesus, passou a ser Sa Lê da filharada, que não acabava mais. Nada mais que isso, oito homens afeitos ao trabalho e quatro mulheres elegantes e robustas, a denotar o sangue europeu nas terras colonizadas. O grande diferencial que fez Joaquim José, na condição de ser o pioneiro dos Bittencourt, foi procriar uma prole numerosa, que produziu muitos netos e bisnetos, a se perder de vista, fato que o levou a ser considerado o maior avó do seu tempo, segundo seu neto Ulysses Azevedo Bittencourt.
Dois anos após o consórcio, começa a safra, a proveitosa colheita, encabeçada por Rita, nascida a 11 de dezembro de 1866, seguida de Clotilde, 27 de fevereiro de 1868, Cândido a 03 de outubro de 1870, José a 14 de janeiro de 1873, Joaquim a 08 de janeiro de 1875, Manoel a 21 de abril de 1877, Maria a 08 de 1878, Mariano a 05 de janeiro de 1880, João a 18 de outubro de 1882, Zeferino a 26 de agosto de 1884, Aprígio a 14 de dezembro de 1885, e Anna Rita a 12 de abril de 1887. Veja só, num espaço de 21 anos, uma dúzia de filhos e filhas que atravessaram as durezas da vida, cresceram e procriaram novas proles. Todos se casaram em Paramirim com exceção de Joaquim Jose Bittencourt Filho que se matrimoniou em Macaúbas com umas das filhas do Cel. Pedro Marques Leão. Quanto aos netos, até onde foi possível conta-los, passaram de 70, imagine, cada um com a sua esposa, sogros, genros, noras, sobrinhos, primos, filhos, netos, bisnetos e trinetos, gente pra mais de uma cidade, espalhada por esse imenso Brasil de meu Deus e também no exterior. Num preito de reverencia, gostaria de saudar em nome do senhor Aurélio Leite Bittencourt, trineto do velho Pedro Seleiro, pelos fatos que me tem narrado, todos eles envolvendo o grande patriarca Joaquim José, o primeiro Bittencourt de Paramirim, descendente do Velho Pedro Manoel Jacintho, a quem caberia nos explicar porque deu esse inconfundível sobrenome ao filho.
Paramirim, 03 de junho de 2021
Prof. Domingos
Fonte: Facebook de Domingos Belarmino.
