Primeiro Caminhão da Região de Paramirim. Apenas Ilustração.
O primeiro automóvel de Paramirim.
No ano de 1925, chegam a Paramirim, procedentes de Riacho de Santana, os primeiros veículos motorizados da região, graças à iniciativa de alguns cidadãos, dentre eles o Sr Franco Fernandes e o Cel. Hermenegildo Ribeiro de Magalhães, então, intendente municipal. Como não poderia deixar de ser, o evento foi comemorado com um grande desfile pela principal rua da vila e um belo discurso do jovem estudante, filho da terra e futuro jornalista, Nabor Cayres de Brito, para saudar o inédito acontecimento.
Estava, pois, com a chegada dos primeiros automóveis, marcado o encurtamento das distâncias e o avanço do progresso no Vale do Paramirim. Uma realidade sem dúvidas alguma preconizada nas palavras do jovem orador: ” Meus senhores ai tendes à vista os primeiros carros que nos chegam. Não perturbeis no atordoamento de nossas justas expansões de alegria, a lembrança de que eles vêm, na sua primeira viagem, somente carregados de grandeza, de esperança e prosperidade.”
Menos de dois anos depois, Paramirim já possuía o seu primeiro automóvel, adquirido por um grupo de cidadãos ligados à Intendência Municipal, dentre eles o Cel Melé e o seu sogro Cel. Raul de Souza Leão, este, residente no sitio Pajeú e aquele na fazenda São João. Por conta disso, o vistoso fordinho por eles adquiridos ficou conhecido na região como o ” fordinho da intendência ” e a empresa criada para a sua aquisição, composta de 13 sócios, recebeu a enfática, denominação de ” Companhia Auto-Viação de Paramirim. ” isso entre os anos de 1925 e 1927.
Este veículo, provavelmente, do ano de 1926, foi o cavalo de sela dos homens e das mulheres mais importantes de sua época. Poucos, entretanto, tiveram a oportunidade de sequer experimentar um passeio pelos arredores de Paramirim. Alguns por receio, outros por não terem acesso a tal privilégio, assegurado apenas aos proprietários da empresa, residentes em pontos diferentes do município. Até porque, além do chauffer ( motorista. ), a fobica só conduzia no máximo dois ou três passageiros, se arrastando a poucos quilômetros por hora.
A 26 de setembro de 1927, dia de festa no arraial de São Sebastião, hoje Caturama, na época pertencente a Macaúbas, por volta das 19 horas, o fordinho da intendência de Paramirim, dirigido por Joaquim Theodoro Sobrinho. mais conhecido por ” Sinhô Chofer ” atropelou o lavrador Norberto de Pina, 48 anos, residente no lugar Estreito, município de Paramirim, o qual teve morte imediata
Conta-se que o fato aconteceu no momento em que a vítima ao tentar resgatar o chapéu que deixara cair quando apressadamente atravessava um pequena rua atrás da igreja matriz do citado arraial, foi atingido pelo veiculo que trafegava pelo local da tragédia.
De acordo com o registro do óbito de Norberto, lavrado em 27 do mesmo mês e ano à folha 41, do livro C, número 1, sob o número de ordem 136, no Cartório do Registro Civil do referido arraial pelo escrivão Francisco José de Souza Novato, sabe-se que a vitima fora atingida por uma ” machina de rodagem ” , era viúvo, deixou cinco filhos, um do sexo masculino e quatro do sexo feminino e que fora sepultado no dia seguinte ao acidente no cemitério local. Fatos que não se pode contestar.
Esse triste fato, pouco conhecido das atuais gerações, marcou de sangue o lugar do acontecimento, iniciando-se ali e naquele momento o longo rosário dos acidentes de trânsito do Vale do Paramirim, que a cada ano se multiplica por conta de diferentes causas. Dessa forma, Norberto de Pina foi a primeira vitima fatal do transito de veículos rodoviários da região, Sinhô Chofer, natural de Igaporã, Bahia, o condutor do veiculo infrator e o “fordinho da Intendência”, primeiro automóvel de Paramirim, o instrumento dessa inédita fatalidade.
Outras informações sobre o fato dão conta que após a ocorrência, Joaquim Theodoro evadiu-se do local, até porque nada mais podia se fazer para socorrer a vitima. ” Em menos de meia hora com apenas uma xícara de gasolina,” segundo se propalara, Sinhô refugiou-se na fazenda São João de propriedade do Cel Melé, um dos donos do veiculo, e ali permaneceu, certamente para se escapar do flagrante, sem que nada viesse lhe acontecer, posteriormente, talvez por ser considerado isento de culpa no acontecido. Assim se presume.
Paramirim, 25 de dezembro de 2020
Prof. Domingos
Fonte: Facebook.