A coisa não está nada boa, meu caro amigo. É de sangrar o coração. Penso, penso, penso e não chego a lugar algum. A situação minha é complicada, é muito difícil. Natal está chegando, falta poucos dias para esta importante data. Já fiz meu pedido ao Papai Noel. Pedi-lhe nada mais nada menos do que um emprego, qualquer emprego, desde que eu venha a ganhar os meus trocados. Acredito que milhares de pessoas fizeram o mesmo pedido ao Bom Velhinho. É ou não é um presentão? Encarar o Natal sem dinheiro e sem trabalho, que dureza danada, sina maldita. Os filhos me pedem brinquedos, a esposa quer reforma da casa e a compra de um carro. Parece que eles não enxergam o óbvio. Estou numa dureza só. Como será nossa ceia natalina? Ainda não sei dizer. Estou devendo o açougue e o mercado. Natal é o momento para festejar o nascimento do Menino Jesus, atualmente, é uma data para confraternizarmos em família. Contudo, para realizarmos uma festinha, primeiro necessitamos possuir o recurso para tal intento. Sabe o que é estar com as mãos atadas, algemado na precária situação financeira? Estou desta forma: de mãos atadas. O que é um pai de família na sociedade atual desprovido de emprego? Tenho vergonha até dos meus parentes, todos que me olham parecem querer dizer que sou um inútil, um vagabundo, um imprestável. Emprego está difícil, é tempo bravo, tempo de crise. Quando as coisas vão ruim para gente, tudo a nossa volta parece vibrar na mesma frequência. O Natal está sem graça para mim, para outros é pura magia. O que faz a ocasião é a nossa sintonia com o todo. Não espero muito deste Natal, quem sabe o Papai Noel não reservou um maravilhoso presente para mim. Tomara que venha o presente tão aguardado. Quando a gente menos espera, germinam boas notícias e oportunidades. Sei não, os dias são de nevoeiro e tempestades; o futuro está coberto por uma cortina de fumaça negra que não deixa escapar nenhuma luz; sobrou-nos agarrar a Esperança, esta, por sinal, nunca morre.
