Quando Érico Cardoso ainda era Água Quente, quando o próprio Érico Cardoso sequer imaginava que seria homenageado trocando o nome da sua terra e no lugar colocando o seu, existia uma Lira. Como tudo na vida tem seu nascimento e o seu entardecer com a Lira São João não foi diferente, teve a sua glória, mas com as ferrugens do tempo tombou diante as dificuldades.
A Lira estava sempre presente em todas as datas comemorativas do Município, levando brilho e animando o público. Desconhecemos o real motivo da sua extinção, pelos fatos temos uma noção que a Lira ficou antiga, não se renovou e a roda que girava constante desandou e nunca mais voltou ao seu giro habitual. Como teria nascido, teria sido ideia de quem, qual a primeira apresentação, de onde vieram os primeiros instrumentos, dados que não os possuímos. Sabemos que no passado ela fez muito sucesso por ouvirmos histórias a seu respeito, o que conseguimos até o momento foi uma fotografia, mesmo assim não tão nítida. Quem sabe outras fontes venham aparecer após este pequeno texto. Fizemos um resumo do que escutamos de duas pessoas, por sinal uma delas tocou na referida Lira, o senhor Wilson Viana Cardoso e Dormário Viana Cardoso.
Os componentes da Lira se reuniam em uma residência na Praça São João duas vezes por semana para os ensaios, nessas oportunidades boa parte das pessoas da sede para lá iam prestigiar os músicos. Quando chegava o momento das apresentações, na maioria das vezes no decorrer da tarde, seus integrantes levantavam cedinho para dá o brilho nos instrumentos, usavam limão misturado com cinza e os deixavam reluzente. Na Sexta-feira da Paixão, Dormário lembra com saudade das peregrinações a serra do cruzeiro, ao passar em frente à residência de Isac, essa se encontrava ao pé da serra, lá estava ele, sentado em um banco de madeira a afinar seu Sousafone, aquele som piedoso adentrava pela mata, tocava nas pedras e varava os corações daqueles que por ali passavam. Enquanto ele dava seus últimos ajustes, os galos que vagavam pelo terreiro volta e meia soltavam seus cantos, o som do instrumento competia com a alegria dos pássaros ou se juntava a ele para se formar uma melodia nova. No decorrer da tarde o seu sopro iria dá brilho a Missa na igreja Nossa Senhora do Carmo e ao cortejo da Procissão.
A fotografia aqui exposta mostra o momento da derradeira apresentação da Lira São João, naquele tempo a Lira já não existia mais, porém Ademário Cardoso tendo a sua filha Edilce Cardoso Alves (Didi) como festeira do São João daquele ano convidou os amigos, os antigos músicos, e fez ressurgir a Lira que abrilhantou o evento. Após aquela apresentação, a Lira perdeu a voz, ficou muda, parou de encantar, parou de tocar. Uma pena. Com o fim da Lira sobrou um vazio no presente da então Érico Cardoso.
Componentes:
Primeiro Maestro = Zé do Ouro
Segundo Maestro = João Lopes
Músicos:
JAPI – Contra Baixo (Sousafone)
ISAC – Contra Baixo (Sousafone)
LUNA – Trompete
VALDIM – Trompete
BASÍLIO – Bombardino
TÕE DE FILINTO – Clarinete
MININHINHO – Clarinete
ZÉ DE FILINTO – Trombone
CHICO FERREIRA – Trompa
ZÉ DE JÚLIO – Bombo depois Prato
DIDI SAPATEIRO – Saxofone
ÉRICO CARDOSO – Saxofone
RAIMUNDO TANAJURA – Soprano
SEU JUQUINHA – Requinto
WILSON CARDOSO – Soprano depois Caixa
CARLINHO CARDOSO – Clarinete
NAPINHO – Clarinete
ADEMÁRIO – Contra Baixo (Sousafone)
TÕE DE MARTIM – Trompete
Como me lembro desta Lira!!!!
Quando passava, o povo olhava e aplaudia.
Não sabia que me pai fazia parte.
SAUDADEEEESSSSSSS
Eu com certeza, estava atrás da Lira!