Lembrando os versos do nosso poeta Casemiro de Abreu: “Todos cantam a sua terra, eu também vou cantar a minha. Nas débeis cordas da lira hei de fazê-la rainha”.
Bendita Água Quente de sol brilhante e céu de anil, torrão abençoado e resistente às prolongadas secas, que contrastando com a beleza exótica das caatingas, conserva no seu solo fértil árvores verdejantes em cujas sombras repousam e renovam as esperanças dos seus bravos e intrépidos filhos, na busca incessante de dias melhores. É assim a alma forte e imbatível do nosso sertanejo. Nesta terra augusta e alvissareira tive o privilégio de nascer.
Água Quente que ascende em linha reta, em minha seta aponta o horizonte, terra que tem fontes, montes, riachos, rios: Água Quente de terras boas, de folhas quentes, dos risos vermelhos, amarelos, brancos, das cores de todas as flores, nossa terra que desfruta a beleza culta de uma gente camponesa, que tem uma beleza no olhar e tem doçura na boca e não é pouca a beleza de Água Quente, sua natureza gentil, de Junho frio e Dezembro quente, seu odor agreste, suas noites de lua e a sua cor de sol radiante, a todo instante Água Quente inspira, o violão plangente cidade cheia de graça, da praça, de luz, pequena, mas dá pra todos nós, de todos os modos, de todas as modas. Ah! Água Quente fagueira, solteira, casada, amada, amante, nossa filha, nossa noiva e desposada, uma mulher que fecunda, que se planta na semente se levanta, roça lavrada, louvada, lavada pela chuva e aquecida pelo sol; Água Quente da fartura que temos e o futuro que teremos. Ah! Água Quente, como não cantá-la, e se encantar, no canto de cá, no pranto de quem está longe de nossa gente, humana, de sentimentos, que tem coração; gente que sabe falar e calar, sobretudo sabe ouvir; gente que gosta de poesia, de madrugada, de sol, de lua, de canto, de ventos e de canção; gente de amor primeiro, verdadeiro amor por todos; gente que sabe a conversa dos mais simples, dos mais cultos, dos frutos, dos orvalhos, das chuvas e das recordações de infância; gente das ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato, de bairros, de periferias, de estradas asfaltadas, de saídas e entradas. Mesmo que um dia se conseguisse esquecer alguma coisa de você, sempre haverá algo seu que a diferenciará de tudo neste mundo, Água Quente. Jamais a esquecerei, – pois Você é Você, nossa Terra, nossa Gente, nosso Encanto.
Parabéns Amada Terra!
Délio João Viana Martins
Membro Efetivo da Academia Guanambiense de Letras