Nosso estimado conterrâneo! Nasceu pobre, negro, filho único de mãe solteira, lavadeira de roupas. Trabalhou como ajudante de motorista de Érico Cardoso, carregando cargas de peles de animais, enfardando-as, depois aprendeu a dirigir, faleceu sendo motorista da Prefeitura Municipal da então Água Quente.
Com esse curriculum comum à maioria dos brasileiros, por que merece Gentil uma descrição pública nas redes sociais?
Nos dias atuais em que estamos vivendo, com a escolaridade dispersa por todo o país, as cotas sociais alavancando os afro descendentes para a aquisição de curso superior, dentre outros avanços, nunca se fez tão necessário resgatarmos a figura desse conterrâneo analfabeto, que não conseguiu a conclusão do abecedário na escola de D. Fifi.
Gentil, foi um exemplo a ser seguidos por todos graduados nas universidades brasileiras. Não obstante, as suas condições sociais, muitas vezes faltava-lhe o sustento e a própria vestimenta que o dignificava como ser humano, Gentil era possuidor de uma educação corteza lapidar! Chamava os mais velhos de “Senhor e Senhora”. Respeitava as crianças, carregava nos braços ao vê-las na rua, entregava aos pais (comigo acontecia isso sempre). Adentrava em todas as residências do nosso amado torrão, tomava café na cozinha, com dignidade e respeito. Nunca lesou a quem quer, que seja. Nunca se apropriou do alheio.
Assim, se tornou um cidadão do mundo, sacerdote da concórdia, nunca fez desavenças com seus amigos. Do seu nascimento ao seu falecimento, nunca enveredou-se pelo descaminho do ilícito. Por isso, esse conterrâneo merece as nossas homenagens, colocando-o como espelho de honradez e dignidade, tão escassos nos dias atuais.
A você Gentil, os meus agradecimentos pela salutar convivência na nossa querida Água Quente, pelas inúmeras vezes em que me pegava nos seus fortes braços no Prédio Velho, após o término das saudosas aulas de D. Fifi e levava-me até minha casa e entregava-me para minha saudosa mãe.
Você foi um valoroso sertanejo brasileiro, que honrou a cidadania aguaquentense.
Délio Martins
Historiador e Escritor
Membro Efetivo da A.G.L.
