Dizem que uma imagem vale mais do que cem palavras. Eis a prova! Com quantos vocábulos poderíamos sintetizar a mensagem da foto que ilustra esse texto. Talvez muitos. Mesmo assim, não chegaríamos a uma descrição completa capaz de satisfazer a compreensão ou os sentimentos do interlocutor.
Não quero aqui declarar quem me remeteu essa preciosa fotografia, ressalto, entretanto, que foi uma pessoa quase minha contemporânea, muito próxima dos personagens fotografados sobre os quais faço menção honrosa pela contribuição que deram cada um à sua época à sociedade de Paramirim. Um registro dos mais importantes para a história local, produzido, quem sabe, talvez único, por um anônimo fotógrafo, desprovido da intenção de fazer sucesso, mas acabou deixando um legado precioso para a posteridade.
A foto em apreço traz por cenário o Clube Social de Paramirim por ocasião da Segunda Semana da Cultura, realizada em 1972, pelos estudantes paramirinhenses já a esse tempo residindo no CESUPA, em Salvador, alguns deles fazendo faculdade, outros se preparando para o vestibular, compondo uma safra das mais proveitosas em termos de aprovação.
Descrever o que era ou foi a Semana da Cultura para o nosso interior em termos de entretenimento e avanço social, somente os que dela participaram poderão fazer, face à pluralidade de suas ações e a riqueza de seus objetivos. Um evento que marcou época incentivando a juventude estudantil que concluía o ginásio a continuar os estudos buscando o ingresso numa faculdade sem se falar de muitos outros benefícios na área da cultura, das ciências, da política, da saúde da solidariedade humana, quebrando arestas e preconceitos que até então vigoravam nos meios sociais do nosso interior.
No elenco das pessoas comtempladas nesse registro fotográfico destaca-se em primeiro plano o carismático professor Zaiter, coluna mestra do Ginásio de Paramirim nos idos de cinquenta a setenta, tendo ao seu lado o caeteense Enésio Alves de Oliveira, tesoureiro da Fundação 16 de Setembro, marcando presença no evento, provavelmente como convidados de honra pelo prestigio que gozavam nas fileiras estudantis.
Dentre as demais que lograram as nossas lembranças destaque também para o Sr. Joaquim Azevedo Bittencourt e a professora Carmelita Vieira Brito, sua esposa. Presença também de Dona Augusta, mãe do adolescente sentado na primeira fila Lourival Vieira Louzada, há muito radicado na capital da Bahia. Como não reconhecer a fisionomia de Sebastião Barbosa Leão e de sua esposa Josefina. Parte desse elenco já partiu para outras dimensões, deixando marcas profundas de saudades, agora revividas pelos olhos de quem puder discerni-los nessa foto.
Não poderia encerrar esse pequeno comentário sem lembrar o inesquecível salão do clube, nome carinhoso da Associação Cultural e Recreativa de Paramirim com endereço na antiga praça da Bandeira, hoje Erico Cardoso, palco dos grandes acontecimentos sociais da cidade. Quem conheceu esse ambiente, considerado o paraíso sagrado das festas de Paramirim nos seus anos dourados pode muito bem lembrar de suas mesas de curtas dimensões e de vistosas cadeiras Cimo que testemunharam ao longo de sua vida útil os melhores episódios da história de uma cidade que gozava do prestígio de fazer as melhores festas da região, bem antes das multidões encherem as praças.
Paramirim, 09 de maio de 2022
Prof.º Domingos