MEU AMIGO-COMPADRE ZÉ
Não me cabe o silêncio, no momento em que você viu minha comadre CACILDA passar para outra dimensão espiritual. Depois de mais de meio século juntos, constituindo uma família numerosa, ela foi para os braços do Criador, com certeza, deixando um vazio que só será preenchido pela fé. Herói e heroína foram vocês dois. Na oficina de uma mais hábil marcenaria, ao lado de Osman Tanajura, foi o seu primeiro ofício ao longo desta caminhada, especialistas em trabalhos artístico e artesanal, no setor da movelaria, transformando peças de madeira em objeto útil ou decorativo, desde que lhes foram ministrados pelo exímio Mestre Caçulo. Enquanto isto, ela exercia o mister de Mãe, dona de casa, doméstica e trabalhadora rural, dedicando-se, de corpo e alma, aos filhos em número expressivo, formando, desde o seu colo, a ter uma vida digna e um ideal sublime. Dai prosseguiram na caminhada, nos tempos e contratempos da existência, tendo a felicidade de vê Los todos criados e caminhando com os próprios pés pelas estradas da vida. Família numerosa e humilde, todos dela alcançaram bom êxito nos seus empreendimentos. Aonde estão ou estiverem, ei-los todos fiéis ao que aprenderam do pai com a ajuda dos joelhos da mãe que, em oração, suplicavam a Deus por uma existência feliz, em qualquer tempo, para todos e cada um. Tive a oportunidade de contactar-me com sua amizade. Lembro-me da velha Ana Rosa, grande alma, sogra dela, que sofrerá no leito terminal, quando eu ainda adolescente ia visitá-la e, em chegando, ela gritava: Vai chegando nosso amigo Ju! Era assim que ela sempre me chamou! Pois sempre fui ligado a esta família com consideração fraterna! O tratamento que ela me tributava era de uma profunda alegria, sendo retribuído, de igual forma. Tanto o somos amigos que sou Compadre de Zé – Cacilda três vezes, pois sou Padrinho de Beto, Deca e Josué! Então, temos parentesco por afinidade, qual somos parentes pelo coração. Laços bem fortes por se tratar de coração! Afirmo aqui, com conhecimento de causa, que minha comadre Cacilda era uma alma de bondade imensa. Simpática, serena, uma alma sem maldade, podemos dizer ” uma criança grande”, como dizia a artista Nora Ney. Não conhecia a maldade! Era uma alma transparente, que não sabia o que era o ódio, o rancor, a vindita. Sorria, levava a vida com bom humor. Na penumbra, sem viver sob a luz dos holofotes, foi uma grande Mulher, por ter sido uma forte Heroína e, sobretudo, por ser MÃE! Por acaso, existe um título maior do que este? Uma Mãe entende, perdoa, esquece, sofre, chora, defende seus filhos com as próprias unhas, se for possível, mas acima de tudo os ama mais do que a si mesma. ” MÃE, são três letras apenas a desse nome bendito . Também o céu tem três letras e nelas cabe o infinito.” (Mário Quintana). Toda Mãe é Santa, pois é no seu ventre sagrado que gera a Vida. Por isso, podemos afirmar que CACILDA DA SILVA OLIVEIRA é uma Mulher Santa, pois gerou 10 filhos, a quem ela trouxe para ser e viver na terra de Santo António, o Padroeiro Forte de Paramirim. Você, minha Comadre, deixou dez filhos, portanto, dez presentes valorosos para este pedaço de sertão baiano. Muito Obrigado, pelo seu contributo à mais ilibada Cidadania do Município deste Vale António! De efusivas Congratulações estão Compadre Zé, Filhos e todos os membros desta família pela estrela de primeira grandeza que honra a Maternidade de nossa terra! No Céu ela está, ao lado de Santo António, São José, Maria. Santana, São Joaquim e São Cristóvão, os três últimos bem no dia da festa deles, ela partiu! Com eles, ao lado do CRISTO, olhe continuamente peço Paramirim e seu povo! A GRATIDÃO É O ÚNICO TESOURO DOS HUMILDES (William Shakespeare). Continue sorrindo, agora mais! Você tem motivos para mostrar-se feliz! VIVA SIMPLES, SONHE GRANDE, SEJA GRATO, DÊ AMOR, RIA MUITO. (Khalil Gibran).
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.