Ainda no clima do Dia Mundial da Água, quero esclarecer que não sou contrário ao direito impostergável de um povo, notadamente, o uso da água, que é um recurso ambiental essencial para a finalidade de vida da população. O que não posso admitir é que este valiosíssimo bem seja usado como trampolim político e autopromocional como é o que acontecendo como esta da Barragem do Zabumbão. Desde que ela passou a existir, criou-se uma ameaça à extensão de seu atendimento. É sabido que ela já atende a quatro Municípios com suas respectivas Comunidades, o que torna-se suficiente para uma considerável assistência. Entretanto, vem-se levantando polêmica para estendê-la aonde achar que devam! Ora, se só houvesse este manancial para atender o povo, ribeirinho da Bacia do Paramirim, seria eu um dos defensores, já que sei que a prioridade da água é, em primeiro lugar, o consumo humano e a dessedentação animal. Mas há outras opções tão fortes como o Zabumbão, que a governança faz ouvidos moucos à sua realidade. Como é sabido, o Rio Paramirim, a jusante desta Barragem, possui expressivo número de afluentes que, juntando-se uns aos outros, formar-se-iam aquilo que o espanhol Francisco de Orellana chamou o Amazonas: o Mar Dulce do alto sertão da Bahia! Para citar apenas alguns de seus tributários, a começar riachos, vemo-los o Riachão, o da Espora, o do Jacaré, o do Novato, o da Caieira, o do Mocambo, o de Quincas Belo, o de Baraúnas, até se chegar ao Rio do Pires e ao caudaloso Rio da Caixa! Só este bastaria para atender a premência de todo um povo! As autoridades governamentais fingem ignorar essa possibilidade, querendo desviar a água do Zabumbão, através de uma adutora que, num futuro não longínquo, secará o lago artificial sonhado, há mais de 80 anos! Por que não investir esses recursos na Barragem do Rio da Caixa?! O caso tal é aquele de “pescar o peixe de aquário”, ou seja, “pescar o peixe pescado”! É mais fácil, mas não é mais digno!!!
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.