
COMPADRE JOÃO VICENTE. Aqui deixo registrada a minha singela homenagem a esse meu querido Compadre que ontem partiu. Partiu, sim, para o seu merecido lugar! Trabalhador rural, desde as suas origens, exerceu esta sua missão, juntamente a seus pais, Alípio António Pereira e Maria da Glória Gonçalves. Dedicou-se ao trabalho do campo e, muito especialmente, à vaquejada. Sobre o lombo do cavalo adestrado, ele notabilizou-se, enfrentando os desafios que se lhe vinham à frente. Como dizia Euclides da Cunha: “Se uma rês alevantada enveredasse, esquiva, adiante, pela caatinga garranchentas, ou uma ponta de gado, ao longe, se trasmalha, ei-lo em momentos transformado, gravando as esporas de rosetas largas nas ilhargas da montaria e partindo como um dardo, atufando-se velozmente nos dédalos inextricáveis das juremas. “Era esta a missão que ele abraçou, desde criança, ao lado de intemeratos vaqueiros como seu tio Sozé, o velho João Vaqueiro, o valente Biú, José e António Honorato, Manuel Cândido, da Conceição, e seus filhos, Raul e Edson, das Almas, Alcides, Martiniano e irmãos, Deraldo Batista, Fidelcino e Ramalho, velhos experientes e novos Vaqueiros, formando uma verdadeira família coberta com o gibão de couro, a dar mais vida à solicitude dos Campos intrincados. Dessa forma, Compadre João constitui esse vulto eminentemente histórico que, com os destemidos Companheiros, ministraram a cultura do campo com seu trabalho meritório que é uma honra para Paramirim. Nascido e vivido na zona rural, dali tirou o seu sustento e formou a família de 9 filhos, que constituem 9 joias do tesouro paramirinhense: cada qual de seus filhos são cidadãos e cidadãs que compõem a plêiade de pessoas de bem de nosso Município. Portanto, razões inúmeras temos para agradecê-lo! Pelo grande homem que ele foi, pelo filho e irmão que ele testemunhou, pelo esposo e pai que ele demonstrou, pelo amigo que ele provou, pelo Compadre que ele tanto estimou, como no meu caso, escolhido que fui para ser Padrinho de António, seu filho caçula, o que muito me honra… Assim, diante dessa figura, de notável valor sob todos os aspectos, temos o orgulho da convicção de que esta terra de Santo António, o nosso Padroeiro a quem ele tanto amava, possui em seu seio e em sua história um Herói que ontem partiu para a sua merecida morada no céu, aos 102 anos de idade, pois nascera em 1919, e que por aqui passou essa vida centenária a promover o bem, a bondade, a simplicidade, a empatia, e, acima de tudo, o amor. Ainda bem jovem experimentara a perda inesperada de seu pai, Alípio, repentinamente fulminado por um mal súbito, quando levantava uma cerca, em janeiro de 1955, e que superou tudo, levando a vida para frente! Aliás, volto a repetir: Compadre João Vicente foi um verdadeiro Herói, cuja arma mais potente por ele usada foi o AMOR! Portanto, resta-nos aplaudi-lo de pé, pela heroicidade de suas virtudes! A Bíblia em 1 Tessalonicenses 5, 18, assevera: EM TUDO DAI GRAÇAS …
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.