Hoje fiquei sabendo que fez setenta anos nesta semana que Hiroshima e Nagasaki foram alvejadas, cada uma, por uma “bomba atômica”. Assistindo ao noticiário do telejornal, perdi-me um momento em reflexão. Observando aquelas imagens de destruição e terror, fizeram-me doer o coração. Milhares de pessoas mortas em fração de segundos, outras no decorrer dos anos vítimas da radiação. Simplesmente desintegraram no ar, sumiram, no muito sobraram uma sombra onde antes se encontrava uma pessoa. O que uma guerra produz, meu Deus? É a loucura desembestado do homem solta sem rédea tampouco freio. Tanta calamidade por uma ideologia egoísta de certos governantes autoritários e mandões. A luta começa por começar, homens trucidando homens sem saber qual o verdadeiro motivo. Bombas, tiros, facas; mortes, deficientes, cicatrizes. Da guerra não se germina flor, da guerra apenas espinhos pontiagudos. Aquelas duas bombas foram preparadas com cuidado por homens que possuíam filhos e esposas, pais e mães, uma casa e um cachorro; sem atentar para a sua felicidade acabou apagando a de muitos. De um lado do fronte a besta; do outro lado, outra besta. O homem guerreia porque não aprendeu a amar. Se temos nas mãos a oportunidade de vivermos em paz e em uma manjedoura de felicidades, para que trocarmos nosso conforto por brigas que nos fazem parecer a loucos. Aquela bomba voando pelo ar a procura de um alvo predeterminado; na cidade, a rotina do dia a dia seguindo o mesmo curso leve; de repente, um pingo de luz converte a realidade em pó. Os anos passam e a distância nos faz esquecer o horror daquele momento, conquanto as imagens estão vivas para servirem de meditação. A dor que a população daquelas cidades passou não tem tamanho; os sobreviventes, em sua grande maioria, deformados e queimados, muito padecimento, muitos gritos, muitas lágrimas, um verdadeiro terror. Ao final da besta guerra apenas vencidos.
Crônica de Zé do Bode.