A primeira eleição para Vice-prefeito de Paramirim
Na década de 70 foram realizadas em Paramirim 3 eleições para prefeito e vereadores. Participaram ao todo 7 concorrentes ao executivo municipal, 53 à vereança e pela primeira vez 2 postulantes ao cargo de vice-prefeito. Nessa época já existia a 111° Zona Eleitoral, instalada em 1960, o Cartório Eleitoral funcionava numa casa anexa à residência do Sr. Tobias Tanajura, legítimo titular dessa repartição. Os pleitos eram apurados na sede da Associação Cultural e Recreativa de Paramirim e a cidade contava apenas com 4 seções eleitorais, todas elas localizadas no Grupo Escolar Professor José Cândido Vieira.
Havia no município duas agremiações partidárias registradas Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que se caracterizavam em situação e oposição respectivamente. Predominava no Brasil o bipartidarismo.
Nessa década, todos os pleitos foram realizados em 15 de novembro (em homenagem à proclamação da República), o voto era impresso e as urnas de lonas deixavam a desejar. Ainda prevalecendo alguns costumes dos anos anteriores, os eleitores da zona rural faziam a refeição do meio dia na casa dos candidatos ou em pontos designados para esse fim. Antes de serem abertos para a contagem dos votos, os malotes eram guardados no prédio dos correios sob a custódia de alguns policiais, para descartar quaisquer suspeitas de fraudes, encerrando se ali a responsabilidade dos presidentes das seções eleitorais. Outro aspecto curioso diz respeito ao mandato dos eleitos nesse período: 1970, dois anos (mandato tampão), 1972, 4 anos e 1976, 6 anos. Isso. tudo sem se falar em outros casuísmos criados pelo regime dos generais que governaram o país de 1964 a 1986, no chamado período militar. Votei e atuei como mesário em todos os certames desse decênio e deles guardo duradouras lembranças que bem poderiam ser contadas cada uma a seu tempo para melhor esclarecimento dos fatos ora abordados.
Os anos setenta, sem muitas novidades no campo político para a população de Paramirim, teve o seu ponto alto na administração do prefeito José Babosa Leão, eleito pela sigla da Arena, sublegenda 2, em 15 de novembro de 1976 com o vice Paulo Elísio Ferreira da Silva. Sua vitória sobre o candidato adversário Antônio Leão Cayres com ampla margem de votos lhe assegurou maioria na Câmara de Vereadores, facilitando uma gestão pacífica praticamente sem oposição. Tomou posse em 01 de fevereiro de 1977 para um período de 4 anos, teve, porém, o seu mandato prorrogado até 31 de janeiro de 1982, sendo sucedido por Durval Marques Leão, do mesmo grupo político. Foi o primeiro gestor de Paramirim a ter um vice-prefeito. Obteve nas urnas 2.138 votos correspondentes a 53,40% da votação recebida por ambos os candidatos. Com José Leão no poder tem continuidade a era “Leonina” da política de Paramirim, iniciada em 1970 com o prefeito Durval Marques Leão. Uma dobradinha entre os dois que durou 22 anos, excetuando-se os 4 anos de Ulysses Azevedo Bittencourt, também da ARENA, (1972-1976).
O grande destaque da eleição de 1976 foi a inclusão na chapa majoritária do nome dos candidatos ao cargo de vice, uma grande novidade não só em Paramirim, mas em todo o estado da Bahia. Quem sabe uma manobra, uma contrapartida, ou mais um casuísmo nascido do ventre do novo regime instituído no país em 31 de março de 1964, que acabou ficando por atender à complexidade das administrações posteriores. Candidatou-se nesse pleito para vice-prefeito na chapa adversária a José Barbosa Leão o Sr. João Barbosa Filho, vereador por mais de um mandato, muito conhecido no município, ligado aos trabalhos do campo, udenista de tradição, desde os tempos do Cel. Chico Brasil. Pelo grupo do candidato eleito, candidatou-se o funcionário público municipal Paulo Elísio Ferreira da Silva, natural do Estado do Maranhão, casado com a professora Rita Meira da Silva e irmão do provisionado Custódio Septimus Ferreira da Silva, radicado na região desde a década de 60, sagrando-se assim, o primeiro vice-Prefeito de Paramirim, eleito pela vontade popular, da mesma forma que se elege até os dias atuais.
Se falei sobre o prefeito e o vice dessa histórica competição, a última da década de setenta, cabe-nos comentar também sobre os vereadores eleitos para o mandato 1977-1983, todos de acordo com os mandamentos da época.
Foram eleitos pelo MDB (oposição) Arlindo Francisco de Sousa, o mais votado, com 356 votos, e Gentil de Magalhães Vieira, tradicional, extremista e incondicional opositor, desde os tempos de Flávio Barbosa. (Pela Arena legendas I e II) lograram a aprovação popular Cassiano Cardoso Pereira, Joaquim Dourado Sobrinho, Joaquim Rodrigues dos Santos, José Antônio Azevedo, José Maria Moreno da Silva, Jurandir Martins Leão e Nilton Edson Tanajura. Dividiram a presidência da Câmara nesse período Dr. Jurandir Martins Leão (quatro anos) e Joaquim Dourado Sobrinho (dois), ambos do grupo do prefeito. Todos sob o beneplácito da Lei Complementar n° 25, de 2 de julho de 1975, que estabelece critério e limites para a fixação e remuneração dos vereadores. Dessa forma, a Câmara de 1976 foi a primeira Câmara remunerada de Paramirim.
Elencar as obras e outros benefícios proporcionados à população de Paramirim na administração de José Leão / Paulo Elísio, haja fôlego. Várias escolas construídas, postos de saúde, estradas, aguadas, tanques, redes de água, calçamentos, energia e comunicação, tudo isso, sem se falar nas inaugurações do Fórum Desembargador Dr. Arnaldo de Almeida Alcântara, o Auditório Municipal Professor Divaldo Franco e o Colégio Governador Antônio Carlos Magalhães. Em 1978, José Leão ensaiou a comemoração do Centenário de Paramirim, mas não pôde toca-lo à frente, por razões já explicadas em outra oportunidade. A marca registrada de sua gestão foi a inauguração da energia elétrica procedente da hidrelétrica de Paulo Afonso, em 12 de junho de 1981, abrindo-se assim espaço para o progresso do município e das demais cidades circunvizinhas.
Dessa forma fica explicado que pela eleição de 15 de novembro de 1976 foi eleita a primeira Câmara remunerada de Paramirim e escolhido o seu primeiro vice-prefeito. A partir desse fato até 2020, 44 anos se passaram e mais 10 pleitos aconteceram, mas apenas 5 gestores se sucederam no poder com os seus respectivos vice José Barbosa Leão, Durval Marques Leão, Silvio Umberto Magalhães Louzada, Júlio Bernardo de Brito Vieira Bittencour e Gilberto Martins Brito. Todos cumpriram integralmente os seus respectivos mandatos, fazendo jus a confiança depositada nas urnas pela maioria de eleitores. Parece que foi ontem mas não foi. O vendaval do tempo não para. E não há como parar. Dos 11 protagonistas eleitos no pleito de 76 (um prefeito, um vice e nove vereadores), apenas cinco estão vivos para endossar as nossas humildes palavras. Sem o devido registro, não dar para guardar de memória o que se passa ao longo da história. Cada fato por mais elementar que seja tem em torno de si diversas conotações, as suas causas e consequências, a sua ramificação com outros acontecimentos de âmbito maior ou menor, até se perder de vista ou cair num total esquecimento.
Paramirim, 24 de agosto de 2021
Prof. Domingos Belarmino
Fonte: Facebook de Domingos Belarmino.
