Após o Carnaval visual e as suas mais restritas comemorações, inicia-se hoje o tempo forte da Quaresma, período de quarenta dias, subsequentes à Quarta- feira de Cinzas, onde os cristãos passam a meditar não mais as festas do Rei Momo, mas a trajetória redentora do REI JESUS, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. A liturgia de hoje leva-nos a viver um dia de jejum e abstinência de carne, como gesto de penitência que é o clima a envolver todo este tempo. Tudo nos chama a uma introspecção da mensagem quaresmal, mas não nos estagnemos aí. Devemos encher- nos de Deus para levá-lo alhures. É um tempo que nos convida a amar mais, a servir mais, a compreender mais, a perdoar mais, a refletir mais, a testemunhar mais! Ele acontece não simplesmente para vivermos uma tradição, numa abstração alienada da realidade terrena! Pelo contrário! Ele nos impulsiona a seguir as pegadas daquele que deu a sua própria vida “em resgate de muitos” (Mateus 20,28). É um tempo forte, pois prepara- nos para a maior festa da cristandade: A Páscoa! Como contextualização do sentido quaresmal, no Brasil, foi instituída em 7 de março de 1962 a Campanha da Fraternidade que, a cada ano, tem um tema especial para refletirmos, vivendo -o. Este ano ela optou pela “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” que tem caráter ecumênico, pois é assumida não só pela Igreja Católica, contudo, por outras Igrejas Cristãs Evangélicas e Ortodoxa. Para enfrentar os mais terríveis desafios que atacam e arrodeiam o mundo, notadamente, o Brasil, mister se torna que coloquemos em prática aquilo que nos é comum, sem insistir no que nos divide. O apelo do Mestre é que “todos sejam um para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17, 21). Sejamos humildes, combativos e leais. Lembremos daquela jaculatória em latim do Padre Benvindo ao colocar cinzas em nossas testas no dia de hoje: MEMENTO HOMO QUIA PULVIS ES ET IN PULVEREM REVERTERIS (Lembra-te que és pó e ao pó te tornarás).
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.