Desde cedo, um lutador! Sempre aspirou a um progresso na vida, até que algo se lhe abriu ao futuro. Em 1953, precisamente no alvorecer do ano, ele ingressou nas fileiras da Corporação Militar como Soldado. Prosseguindo, em 1955, subiu um degrau na categoria de Cabo, após curso de formação. Em continuando, em 1956, participou doutro curso, galgando o status de Sargento estagiando na Vila Militar do Bonfim, em Salvador. Em 1957, passou a Guarda de Segurança do Governador Antônio Balbino. A seguir, em 1959, foi nomeado Delegado de Polícia de Paramirim, permanecendo nesta função até 1965. Desta data a 1967, atuou como Delegado de Polícia de Rio do Pires, quando ao expirar esse tempo, fora convidado a reassumir Paramirim, onde ficou até março de 1971, logicamente doze anos. Em meados de 1971, foi transferido para Salvador, onde mudou-se com a sua esposa Aparecida Magalhães e os seis filhos. Nessa época, passei a residir com eles por dois anos, no Boulevard Suíço, quando eu cursava faculdade. Por isso, conheci-o bem de perto, desde aqui. Era uma pessoa essencialmente humana, exercendo o múnus ostensivo, sem, contudo, ser agressivo. Muito embora rígido em seus hábitos, jamais arguiu arbitrariamente, usando, de certa forma, aqueles princípios de Dom Bosco: “Procurai ser amados, se quereis ser temidos”. Apesar dos cargos que ocupou, nunca comportou-se distante das pessoas, notadamente, dos jovens. Sua casa era frequentada por nós que, num clima de fraternidade, jogávamos em brincadeira as partidas de buraco. Quando perdíamos, ele sempre nos tratava em tom jocoso: “Pera aí, caticeiro”, que, na fala popular quis dizer “azarento”. Embora vivêssemos ainda no clima hostil da ditadura, ele nunca usou de violência contra ninguém. Tanto que ensinou no Colégio de Paramirim as matérias de Educação Moral e Cívica e Educação Física. Interessante é que ele, ao tempo em que era professor, foi-o estudante, formando-se na mesma época. Aposentou-se, optando por morar a cidade de Água Quente, a quem ele amava. Dado o seu modus vivendi, podemos que ele era um êmulo do Duque de Caxias, o Pacificador. Apesar de ser severo consigo mesmo e, no exercício de seu ministério, buscava conquistar a todos com delicadeza, hombridade, persuasão e vendo na pena um novo conceito de ressocialização. Repitamos com o Papa Francisco: “Deus dá as batalhas mais difíceis as seus melhores soldados”.
Sit tibi terra levis! Deus lhe pague!
Texto: Antônio Gilvandro Martins Neves.
“Milton Galdino Oliveira faleceu na quinta-feira, dia 04 de janeiro de 2021, em salvador. O corpo foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana, às 15h30, do mesmo dia”.
Sempre fui profundo admirador do Sargento Milton. Inclusive fui seu aluno em educação física, no Ginásio de Paramirim.
A sociedade perde um patrimônio moral e humano.