Paramirim

Florêncio.

Como tantas outras tardes do sertão, o sol inibia a caminhada, ainda mais de bicicleta. Não foi o que passavam pelas nossas cabeças. Hoje, 03/05/2007, um domingo. Deixamos nosso querido lar para mais uma aventura nos rincões do sertão do Vale do Paramirim. Nosso passeio será em um lugar de nome Florêncio. A distância a percorrer será pouco mais de cinco quilômetros.
Florêncio. Partimos às duas da tarde. Passamos por algumas avenidas da cidade e entramos pela Orla da Lagoa. De lá pegamos uma estrada de terra logo após a segunda ponte. Subimos a ladeira inicial, uma descida e logo outra subida. Estávamos em um corredor estreito, dos lados, cerca de quiabento e arame farpado. Paramos para tomar água debaixo de um juazeiro bem em frente a um curral lotado de bezerros. Descemos outra ladeira, subimos, voltamos a descer até chegarmos num ponto onde o mais sensato seria deixar as bikes encostadas.
Florêncio. Tudo ajeitado. Passamos por uma porteira de paus. Ao descer, o gado que pastava na parte de baixo correu ao nosso encontro, acredito que seja querendo sal. Olhe só minha loucura, acho que os bois estavam pensando que nós trazíamos o alimento para eles. Como pode boi pensar. Pois é, esses pensam. Nossa vinda ao Florêncio tem um objetivo: encontrar as pinturas rupestres. Pessoas me disseram que já as viram, mas não sei onde estão e nem se é verdade o que elas afirmam.
Florêncio. Pulamos mais algumas cercas. Primeira decepção: boa parte da Caatinga estava sendo derrubada para fazer lenha. Umburana, umbuzeiro, quiabento, maria-preta, mandacaru entre outras plantas todas tombadas no chão. Mais a frente existe um lajedo e logo uma barragem de concreto. No local havia muitas abelhas a apanhar água. Ao fundo há uma chácara, com mangueiras, cajuzeiros entre outras espécies de árvores frutíferas.
Florêncio. Encostamo-nos na serra para procurar vestígio das tais pinturas. Não encontramos absolutamente nada. Arriscamos uma subida até um ponto provável de existir as obras dos índios. Nada. Procuramos uma sombra para fazer nosso lanche. Ao termino, retornamos para casa.
Florêncio. Como ainda estava longe de anoitecer, coisa de quatro horas, indaguei aos colegas se eles topariam descer por uma estradinha que no final sairíamos na Praça Santo Antônio. Eles toparam. Para lá fomos. Antes da entrada, dois colegas pararam com suas motos para trocar algumas palavras. Eles estavam indo para onde um trator trabalhava. Acompanhamo-los até certo ponto. Passamos por muitas propriedades rurais até a nossa saída na Praça Santo Antônio. A Praça já estava sendo preparada para os festejos do Padroeiro Santo Antônio. Encontramos com cinco amigos, esses estavam vendo o andamento das obras, acenamos com a mão e seguimos.
Sou mais pedalar sob o calor forte do sol da tarde que ficar sentado em mesa de boteco enchendo a cara de aguardente da ruim e depois ainda sair sem pagar.

Texto por: Luiz Carlos Bill.